E ele, que não tinha nada haver
com nada, mergulhou tantas vezes antes de perder a consciência que não poderia
dizer depois em qual deles perdeu sua dignidade.
- Esta aí, procure, só sai depois que achar!
Era um
tonel de mais ou menos 7 metros de diâmetro envolto na noite. Ficava na parte detrás
da casa e era tão conhecido de todos que muitas das conversas corriqueiras da
cidade cuidadosamente desembocavam naquela tartaruga que ninguém nunca
conseguiu achar.
- Enquanto não achar não sai aí de dentro. Procura, procura,
SEU MISERA. Isso é pra aprender a nunca mais fazer a polícia correr atrás de
você. MISERA!
O pior era
o cheiro. Como tudo aquilo fedia, era asqueroso! A sua primeira impressão foi a
de que tivessem sido depositadas ali todas as fossas de merda de todas as casas
de todos os anos desde que a cidade foi iniciada com seu primeiro morador. Mas
a viscosidade e cor não poderiam ter sido dadas só pela merda de “cus” ou pelo
menos de “cus” saudáveis. Sobre a merda, boiava uma fina camada de pus que a cada
onda se misturava mais e mais.
- Vamos MISERA! Acha!
Como
poderia uma tartaruga ou um cágado ou uma pessoa viver tanto tempo naquela
merda? Mas ninguém nunca teve a coragem de perguntar.