quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sabrina de trotoar e de tacape

"Tu és a minha nobre imperatriz
Da Borborema o mais formoso feito
Por quem suspiro rouco `Ò L...´"

(Penseroso)

Vai, pois ainda exalas poesia
Vai, pois ainda reinas nos lençóis
E ai de quem divisar os teus dois sóis
E ai de quem te seguir na apostasia

Naquela noite andava à míngua fria
Quando eis que escuto a dor da tua voz
Parei no lupanar: Tão bela e atroz!
Cantava graciosa em demasia

E fui da freguesia o derradeiro
Só teu, só teu somente, por inteiro
E tu somente minha em nossa arte

Teus trinta e tantos anos tão tratantes
Desenham-te mais pulcra do que antes
E nunca mais me esqueço de cantar-te

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sobre você

“Parte de nossas conversas,
das coisas que acho
que sei sobre você.”


E seu jeitinho de falar, esse falar bem de mansinho que faz bem com carinho. E essas tuas certezas absolutas estampadas nos teus orgulhos negros e bem pequenininhos. Essas tuas afirmativas imponderadas que se tornaram verdades inquestionáveis para estas minhas perguntas insolúveis.
E você tem esses olhinhos que se fecham por causa do problema irremediável da vista. E quantas vezes te pedi para procurar um oftalmologista que você insiste em dizer “em breve”. Mas, que na verdade, como é engraçadinho quando você me procura na sua frente e se perde ante todas as minusculazinhas letras do quadro branco. E esse olharzinho que me busca bem devagarzinho, bem de vez em quando, que fica escondidinho em outro canto distante do meu olhar e só de soslaio vem encontrar o meu, acho que temendo todas as grandes conspirações que se mancomunam entre nós.

sábado, 24 de outubro de 2009

Da dor que impus desconheço a medida

Da dor que impus desconheço a medida
Tampouco, atino o preciso motivo
Sei, tantos te dei, porém, mais nocivo
É o castigo imposto por tua partida.

Não venho denegar a culpa tida
Réu confesso, aceito ato punitivo
Mas vejo este como um tanto abusivo
Sem subestimar tua dor sofrida.

Se criado fui a fim de ser feliz,
Como viver mais longe que ao teu lado
Se não atiçam meu faro outros ares?

Oh, Flor! Perdoa-me pelo mal que fiz
E saiba, creio: Deus fez-te meu fado!
Guardar-me-ei até o dia em que voltares.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Declaração de amor

Não vou dizer que te amo.
Antes eu digo que só a ti entrego
-dentre todas as mulheres-
o que há de bom e mau em mim

Amar é apenas dizer
Pois quem diz apenas diz
e a palavra não ferra, ela ecoa,
para depois desmanchar-se no ar

Mais certo é te confessar que vais viver
e morrer comigo na minha história -
impregnada, colada, atada
e mais, muito mais que amada

(Arland de Souza Lopes)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Código

Artigo 1º - Entre você, o grande amor da sua vida e seu amigo, sempre escolha seu amigo.
Pode ser que você não tenha mais salvação.

Parágrafo único: “Nem o amor, que achamos ser essencial, é uma coisa única.”

Artigo 2º - É inevitável que uma vez ou outra qualquer dia desses dilacerem meu coração, mas que nunca firam meu orgulho, por que é sobre ele que me apoio todos os dias antes de dormir.

Artigo 3º - Nunca, nem a sua família, nem aos seus melhores amigos, nem ao seu inimigo, nunca exponha suas fraquezas. A ninguém interessa suas dores.

Parágrafo único: "Prefiro a morte certa à covarde me sentir"

Artigo 4º - Calar sempre que possível ou ser tudo que não importa. Verdade que nada mais fúnebre que a lágrima de um palhaço, mas homens não choram sem máscaras.

Parágrafo único: “Se nenhuma felicidade é para sempre nenhuma dor será eterna”

Artigo 5º - Que sempre tenha fé nos outros, mas que sempre esteja preparado para o pior que eles possam me fazer.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Do nome que carregas, fazes jus

A amiga Soraya(Sol) Helena

Do nome que carregas, fazes jus
Ao fado de uma; do outro à desmedida
De tal modo que nada me intimida
Uma promessa ou uns minutos luz.

De fato, muito mais isto seduz
Que me faz desistir desta investida
Sabe-se, quando a coisa é proibida
A ânsia de tê-la se reproduz.

Tua meiguice de donzela vitima
Os quais ousam defrontar teus fulgores
Que ao homônimo é possível que ofusque.

Perdoa por tal obra nada prima
Mas talvez o calor de teus amores
Minha pobre poesia rebusque.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Professorinha de religião

“Because I love you too much baby”


Uma das cenas que nunca vou esquecer... É que jamais amaldiçoarei teu sorriso.
Lembro do teu olhar e acho que era meigo. Em contrapartida, a sisudez dos gestos dele e a perfeita sincronia com que amarrava todos os argumentos de uma boa aula o faziam respeitável.
Já era a ti que bendizia toda a fé aos grandes gestos. Foi contigo que ganhei o gosto aos hipérbatos, aos infinitos, ao eterno.
Foi por ti que me arrisquei entre o caminho do paraíso e a devoção ao inferno. Por que minha virtude foi ter agarrado tua lembrança pura mesmo depois de saber tuas heresias. Condenei-me...
Que teria tardado mais alguns minutos da minha dúvida, das minhas saudades, das minhas segundas melhores inocentes intenções, se soubesse o que veria.
“- Que não temerei mal algum, que não temerei mesmo caminhando no vale das sombras da morte”. E com o terço entre suas mãos, rezava fervorosa pedindo a Deus a sua benção pelo homicídio divino do corpo. Sonhava subir ao céu, mas como se entregava a todos os demônios, como gemia entre convulsões celestiais cantando os mais belos louvores, os mais lindos cânticos. Blasfemava na terra... “-Santo, santo, santo... três vezes santo”. Gritava, rosnava, rangendo os dentes e procurando acima de si o sentido para tanto ardor. E chorava, arquejava, perante sua confiança avassaladora em algo que a consumia como o fogo do espírito santo que descia para purgar seus pecados em punhaladas certeiras no seu íntimo já quase esgotado. Pingava de suor na batalha milenar pela salvação das almas dos escolhidos. “- Ah! Por tuas lanças clamo aos anjos, aos arcanjos, imploro a todos os demônios!”
Seu corpo estava preso entre o quadro e o birô. A cortina estava suspensa. “Rasgou-se o véu de cima a baixo”. Desabou um corpo ao chão... Foi ali que a lição se fez superar os mestres. Apesar de a religião maldizer os dias de prazer, nunca mais subestimei um professor de educação sexual.

10 Mandamentos para quem sofre por amor

1. Entregue-se ao descomedimento louco do sexo;

2. Deixe que um novo amor invada seu espírito;

3. Compre um CD de Paulinho da Viola e corte o cabelo;

4. Pense em sua musa e fique em quarto lugar na 8º meia-maratona de João Pessoa;

5. Não pense em Cabeça;

6. Morte aos trezeanos;

7. Faça um pouco mais de sexo;

8. Pense muito mais em sua musa;

9. Esqueça totalmente Cabeça;

10. Marque um almoço com seus amigos tão sofredores quanto você regado a Teacher’s e escreva os 10 Mandamentos para quem sofre por amor.

OBS: Entendam como quiser. Se quiséssemos escrever algo bem explicado para que todos entendessem escreveríamos um artigo científico.

Ass: Macário, Penseroso e o quarto elemento.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Oh, maldito! Que, desde os pés à tez,

Oh, maldito! Que, desde os pés à tez,
De colossais mistérios foi tecer
As que fazem Noel adoecer:
Explique-se! Por escárnio que as fez?

Poeta, tolo! Não vá, na avidez
De desvendá-las, em vão, se perder.
Apenas um Chico para entender,
Ou o Julinho de Adelaide, talvez.

Á insipiência do que vem a ser,
Dos homo sapiens de pobre saber,
A miserável prole está fadada.

Não pensem mal ao ouvir-me dizer:
Destes, prestar nunca vi um só ser;
Com mulher não quero mais nada! Nada!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Diário de um poemeto que acabou mais curto

"Para sempre"


Por que escrevo nesse diário todas as fórmulas de um amor impossível e guardo dentro de mim as sombras de nossas noites felizes.
O vento ainda vem a favor de uma brisa, tocar meu corpo. Temo que venha sondar minha alma.
Rabisquei minha dor em pleno outono. Por que receitei para meu destino enfermo mais uma dose da mesma doença.
- “Sobre sins e nãos? Não quero acreditar em qualquer verdade absoluta. Sei que o mundo é feito do que não é. Não do que é.”

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

As palavras se perdem em meus prantos

As palavras se perdem em meus prantos;
Minha verve de outrora se debanda;
A pena no papel já não mais anda;
As musas não mais me cantam seus cantos.

Oh, Flor! Enfim voaste. Teus encantos
Levaste contigo, restou-me a landa
Onde peno esta pena nada branda
Da dura ausência de teus acalantos.

Vibro com o toque da Morte. Ilusão!
Hades nega-me sua doce excursão.
Dor atroz e impiedosa que não passa

Ao menos dê-me alguma inspiração
Para que a Taverna se anime (ou não)
Por intermédio de minha desgraça.