domingo, 26 de dezembro de 2010

Sobre Says e bases

"Te ver e não te querer é improvável, é impossível,

te ter e ter que esquecer é insuportável, é dor incrível"


Conheci um casal no interior de Berlim que passou a vida inteira tentando se encontrar na esperança do acaso. Nunca trocaram uma palavra, nunca tiveram a coragem de se apresentar, nunca tramaram uma armadilha com medo que a sorte não aprovasse, foram covardes no seu amor até o dia em que se esqueceram dos seus propósitos e continuaram seu destino sem grandes alegrias. Não pensaram nunca nas angústias que carregaram com as certezas inconcebíveis que acharam por bem escorar nas masmorras dos seus pensamentos esperando que a sina desse cabo delas. Não pensaram nunca em escrever sua história. Não pensaram nunca que suas incertezas eram as únicas coisas que bastavam para um comodismo que não comove, não move e os iguala a seres inanimados. Ancorados nas suas dúvidas temeram: temeram se amar e não se amar, sofrerem e não sofrerem e assim nasceu sempre uma flor amarela entre eles que ele a oferecia toda manhã com um sorriso cálido de quem espera. E eles foram sempre infelizes para sempre no que se acostumaram a pensar ser uma mão desconhecida agindo sobre suas existências fúnebres.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sayonara



Sabendo que não, resolvi me filiar a mim mesmo,

Aos meus esquecimentos e minhas memórias e

Yin, o principio feminino das coisas que deveriam

Ou não deveriam, mas não importa

Não vou desistir de você

A não ser que se resolva, através de tratados químicos e industriais,

Razoavelmente que todas as nuvens não são de algodão e

As estrelas não são pequenos cata-ventos de papel que se esqueceram de girar

domingo, 28 de novembro de 2010

Os Brincos da Minca


Os brincos da Minca são dois desatinos
Que a dançar com o vento tintilam seus hinos
E ecoam quão belas orquestras de sinos
São sóis alabastrinos
Os tais brincos

Os brincos da Minca são faróis perdidos
Que encontram meus olhos tão desprevenidos
Que ofuscam-se a ponto de sair feridos
E se dão por vencidos
Aos tais brincos

Os brincos da Minca não “são”, é um só pingo
Que me incomoda domingo a domingo
Por tão assimétrico... e belo... e eu rezingo
Mas um dia me vingo
Do tal brinco

O brinco da Minca é um labirinto
Que se vangloria do risco distinto
Que mais me parece com teias, não minto
Ainda me ressinto
Com o tal brinco

O brinco da Minca é de rara beleza, não brinco
Que só mesmo Minca é mais bela que o brinco

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Poeminha em louvor daquele que bebe Teachers como aluno

(Para Pedro Mota)

Quando à mesa quadrada
Finda o assunto
Tu olhas de lado
Te vais para trás
Maldizes a frente

Quando à mesa quadrada
Findou o assunto
Tomaremos um gole
Comíamos isósceles
Sangremos picilones

Quando à mesa quadrada
Findar o assunto
- Teimáramos (não tema)
- Teimáramos (não tema)
- Teimáramos (não tema)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sobre a dialética do amor

Não faço grandes espalhafatos sobre qualquer coisa que seja. Não faço, nem sobre grandes mudanças nem sobre as menores que me fazem sucumbir.

“-Não”.

Também não guardo grandes lembranças, aprendi que elas criam muita poeira e desde criancinha sou alérgico as essas pequenas manifestações da natureza.

“- Pode ser: mesmo que sejam esses grandes desesperos em silêncios paulatinos que só você consegue entender”.

E basta: porque a teoria da incerteza de Heisenberg é por definição incerta.

“- Te amo, sempre vou te amar. Indubitavelmente o meu amor transcenderá a efemeridade do universo e a inconstância de todo amor.”

E essas tuas palavras... ABHADDA KEDHABHRA...