quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Na ingênua esperança de em um soneto

"O que é que eu posso contra o encanto desse amor que eu nego tanto, evito tanto e que, no entanto, volta sempre a enfeitiçar? (...) Vou colecionar mais um soneto, outro retrato em branco e preto, a maltratar meu coração."
(Chico Buarque/Tom Jobim)

Na ingênua esperança de em um soneto
Conseguir dizer o que de ti diante
Cala-me o peito, em atropelo, arfante,
Componho outro retrato em branco e preto.

Antes de vir o primeiro terceto
As lágrimas já vestem meu semblante
Escrevo mais uma estrofe aberrante;
Uma pieguice; e um termo obsoleto.

Persiste de tua presença a afasia,
Mas sigo e encontro a parca demasia
Dos meus ilustres versos ordinários.

E esgotarei toda minha poesia
Ofertando-te, oh flor de primazia,
Tantos sonetos quantos necessários.

2 comentários:

  1. Nossa Perfeito.
    Muito sutil a forma de escrever.
    Sútil porém.. inteligente rsrsr

    "Escrevo mais uma estrofe aberrante;
    Uma pieguice; e um termo obsoleto."
    A frase mais inteligente. Em ambos sentidos.
    Amei.
    Xeru Pedro.

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  2. Obrigado pelos elogios. E continue visitando a Nossa Taverna, as portas estão sempre abertas.

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