domingo, 20 de dezembro de 2009

Conto sem nome...



Não admitiria nunca seu próprio erro. Pelo menos era a certeza que me cercava. Deveria ter-me respeitado, respeitado meu amor, respeitado meu carinho e até o silêncio que, ela mesma sabia, eram sempre dedicadas as nossas lembranças. Como meus próprios pensamentos que apesar de distantes e vagos. Claro! Quem não vagueia perante o infinito? Eram também em sua homenagem. Mas o que fazer diante o deserto? “- Sim”. Era o deserto das palavras, dos tormentos, dos enganos, das mentiras. Senti, em fim, todo o jardim a minha volta torna-se relva, depois nada, depois qualquer coisa que eu não soube distinguir distante do meu próprio horizonte.
O que dizer se hoje mesmo ela partiu. E partiu com tanta intensidade, com tanta força, que asseguro, jamais voltará. Contavam-me quando criança que poucas são as coisas que realmente ficam: uma menina segurando uma flor, um livro velho que se leu há muitos anos, o primeiro verdadeiro adeus que tivemos que dar, a primeira vez que desejamos ficar e não deixaram... As vezes que ficamos, a primeira grande decepção e o primeiro grande amor... Para as mulheres: sua primeira vez. Para os homens: sua primeira noite.
Por que sinceramente choro... Acreditamos muito cedo. Que todo meu amor, algo que me consome como se a próxima vez não mais fosse possível, seja antes de tudo paciente e tenha a sabedoria suficiente para saber que é tarde. Por que se foi e deixou muita poeira em nosso quarto pouco bagunçado?
“– Não”
“– Sim”
“– Por que então?”
“– Olha para nós...”
“– Agora, chore e tema nosso próprio futuro separado um do outro”
“– Adeus!”
E provavelmente, antes de ter virado as costas ela tenha dito, “– Adeus”. Mas, odeio despedidas sussurradas entre choros.

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