terça-feira, 22 de setembro de 2009

Continho de fadas ao inverso

“Por que eram unidos por uma dor em comum”
(Veloso)

Ele

Talvez, agora parando para pensar, devesse ter ligado. Sentira saudades das tempestades, das noites nubladas, das geadas furtivas, das almas anuviadas e dos pensamentos roubados. “-É...”. Agora, o que o cercava era o temor de olhar lá fora e se ver encharcado acenando o olhar à luz do único poste aceso... Cingido de sombras, tinha medo de deixar-se confundir com a dor que sentia.

Ela

“E foram felizes para sempre”. “-Não...”. Nem sequer foram felizes qualquer dia. Descobrira muito cedo, perdera muito dos sonhos, que sapos são sempre sapos. Que todos os castelos que se acostumara a desenhar nas revistas com fotos européias eram desde sempre vazias como ela mesma hoje se sentia.

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