quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O rio

“Por que te dedico todos os meus pensamentos”
Para ti “R”

“Não...” Era a resposta que tinha a dar. Mas ficou olhando passível aquela cena. “Que não era mais o amor de antes... que o esqueceu dia-a-dia... que perdera nas noites sem delírio a magia dos primeiros encontros...” Teria lhe dito, mas deixou aquelas palavras impronunciáveis serem lançadas no esquecimento. Permaneceu calada temendo o abismo que ela percebia crescer entre eles e que ele simplesmente ignorava e estava prestes a cair.
Acabara... Mas ele não tomara ciência disso. E teria lhe dito tudo quanto estava preso na fossa de sua garganta... mas foi retida pelo soluço e pelas lágrimas que inundavam sua boca.
Já a cachoeira que se cultivava, também no rosto dele, formava duas correntezas que, apesar de seguirem caminhos opostos, se encontravam no chão.
Não... Não era como antes... Não estavam mais olhando o mesmo horizonte com as mesmas aspirações dos sonhos em comuns. Agora, fitavam qualquer coisa adiante. Tocavam de solstício um o corpo do outro, como que resgatando antigas lembranças... Porém, já não lhes bastava à coragem de se ver... A verdade é que a muito não se viam.
Ficaram ali parados por muito tempo... Inertes... Em silêncio... Ele ainda encenou argumentar uma última chance, mas foi vencido pelo adeus que ela não lhe disse, mas que ele sabia.

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