O dia ensolarado não dissipava em nada a neblina dos seus olhos negros. Guardava ali dentro todos os segredos das noites não dormidas.
Mas como explicar a seus amantes e amigos a perca irreparável? Acordara aquela manhã e notara que perdera, em qualquer cama no dia anterior, sua sexualidade.
Era evidente, agora em frente ao espelho, a falta da firmeza do seu corpo, a inconsistência dos seus músculos. Era certo que aquele cabelo não se parecia e nem fazia jus com o de outrora. Olhava-se nua e sua pele rosada e lisa ganhara cores e contornos que não distinguia. Até suas lembranças e seus trejeitos fundamentalmente eróticos estavam desencontrados e atrapalhados. Já não se reconhecia.
Ensaiou uma tentativa desesperada. Escarpou o corpo, levantou e deu sustância aos seios. Ancorou-os suspensos no ar. Diante da cômoda, agarrou uma rosa e a sustentou presa aos dentes (que a muito não eram os mesmos brancos marfins) e com as mãos amparou os cabelos embaralhados em uma posição quase paradoxal a que eles estavam acostumados estar. As incessantes cavalgadas e o desgaste da crina que tomavam o lugar dos cabrestos por falta de arreios davam forma fractal a tudo aquilo.
Vendo-se fracassada em seus esforços, calculou uma saída. Armou-se com todo o seu estoque de maquiagem e se pintou com uma perícia de pintora surrealista. Ornamentou-se e se vestiu para a grande surpresa. Nem o milagre da ciência e da tecnologia poderia esconder o inescondível. Por que a voz sussurrante e inaudível do destino finalmente se abatera sobre ela.
Naquele mesmo instante convidou um dos seus amantes para um último teste. Aceitava então o que a muito custo lutara para não ver. Não era mais capaz de sentir prazer e estava muito aquém do prazer que já foi capaz de dar. De resto, ainda guardava das lembranças seus olhos negros e com eles todos os segredos dos quais não poderia nunca mais provar.
Mas como explicar a seus amantes e amigos a perca irreparável? Acordara aquela manhã e notara que perdera, em qualquer cama no dia anterior, sua sexualidade.
Era evidente, agora em frente ao espelho, a falta da firmeza do seu corpo, a inconsistência dos seus músculos. Era certo que aquele cabelo não se parecia e nem fazia jus com o de outrora. Olhava-se nua e sua pele rosada e lisa ganhara cores e contornos que não distinguia. Até suas lembranças e seus trejeitos fundamentalmente eróticos estavam desencontrados e atrapalhados. Já não se reconhecia.
Ensaiou uma tentativa desesperada. Escarpou o corpo, levantou e deu sustância aos seios. Ancorou-os suspensos no ar. Diante da cômoda, agarrou uma rosa e a sustentou presa aos dentes (que a muito não eram os mesmos brancos marfins) e com as mãos amparou os cabelos embaralhados em uma posição quase paradoxal a que eles estavam acostumados estar. As incessantes cavalgadas e o desgaste da crina que tomavam o lugar dos cabrestos por falta de arreios davam forma fractal a tudo aquilo.
Vendo-se fracassada em seus esforços, calculou uma saída. Armou-se com todo o seu estoque de maquiagem e se pintou com uma perícia de pintora surrealista. Ornamentou-se e se vestiu para a grande surpresa. Nem o milagre da ciência e da tecnologia poderia esconder o inescondível. Por que a voz sussurrante e inaudível do destino finalmente se abatera sobre ela.
Naquele mesmo instante convidou um dos seus amantes para um último teste. Aceitava então o que a muito custo lutara para não ver. Não era mais capaz de sentir prazer e estava muito aquém do prazer que já foi capaz de dar. De resto, ainda guardava das lembranças seus olhos negros e com eles todos os segredos dos quais não poderia nunca mais provar.
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