sábado, 19 de setembro de 2009

Reconciliação

"Por que pensei e meu
mundo se tornou teu”
(Veloso)

Talvez ela tenha pensado naquela hora: “Agora serei tua.... agora me toma para ti”. Mas bastou que ela ficasse calada para que ele soubesse. Sim... Ela seria dele ainda esta noite... Completamente dele... Inteiramente dele... E teria arrancado toda sua roupa em um único movimento como era de costume nas noites que não fora feliz. Mas preferira desabotoar botão por botão do seu corpo como que contasse os anos, os dias que sonhara com aquele momento.
Foi do silêncio mesmo que nasceram os gemidos, os gritos, os pedidos sussurrados no ouvido. Foi no vão da cama que surgira a nova intimidade. Foi no infinito do quarto que descobriu com nítida impressão todas as curvas do seu corpo.
“- Me beija”. Entre soluços que ele próprio não sabia distinguir se era choro. Aprendera por ali quase todos os atalhos para os espasmos... as convulsões e as contrações dos seus abraços. “- Sim...”. Ela lhe disse arquejando. “- Não pare!”. Ela pedia implorando. E ao mesmo tempo em que rasgava suas costas e mordia seu ombro, ora o olhava, e ele sentia imenso prazer nisso, ora orava a Deus... E em seus suspiros, e em seu último suspiro, sabia, sentira que aquele orgasmo era o presente, era o perdão divino para todos os seus pecados.

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