(clique aqui para ouvir esta canção)
Hoje quero ser melhor
Quero mostrar pro mundo o que eu sou realmente
Melhor do que imaginam ou esperam
Melhor do que os que se desesperam
Hoje vou me dedicar
A mostrar quanto que minha ausência é cruel
O quanto perdem sem meu potencial
Minhas poesias, mesmo que às vezes sem sal
Muitas vezes sarcásticas
Superando as estatísticas de débil-mentais
E envolvida em lingüísticas banais
Hoje vou me realizar
Vou caçar meus anseios pra me eternizar
Vou singrar em um rio de palavras
Depois beber toda água e vomitar
Hoje quero ser pior
Quero mostrar pro mundo minha parte que mente
Mais maléfico que o amor platônico
Mais sumido que um alcoólatra anônimo
E muito mais autêntico e amado
Sóbrio, hábil e energizado em droga mais eficaz
A poesia que obstrui todos os meus canais
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
Conto sem nome...
Não admitiria nunca seu próprio erro. Pelo menos era a certeza que me cercava. Deveria ter-me respeitado, respeitado meu amor, respeitado meu carinho e até o silêncio que, ela mesma sabia, eram sempre dedicadas as nossas lembranças. Como meus próprios pensamentos que apesar de distantes e vagos. Claro! Quem não vagueia perante o infinito? Eram também em sua homenagem. Mas o que fazer diante o deserto? “- Sim”. Era o deserto das palavras, dos tormentos, dos enganos, das mentiras. Senti, em fim, todo o jardim a minha volta torna-se relva, depois nada, depois qualquer coisa que eu não soube distinguir distante do meu próprio horizonte.
O que dizer se hoje mesmo ela partiu. E partiu com tanta intensidade, com tanta força, que asseguro, jamais voltará. Contavam-me quando criança que poucas são as coisas que realmente ficam: uma menina segurando uma flor, um livro velho que se leu há muitos anos, o primeiro verdadeiro adeus que tivemos que dar, a primeira vez que desejamos ficar e não deixaram... As vezes que ficamos, a primeira grande decepção e o primeiro grande amor... Para as mulheres: sua primeira vez. Para os homens: sua primeira noite.
Por que sinceramente choro... Acreditamos muito cedo. Que todo meu amor, algo que me consome como se a próxima vez não mais fosse possível, seja antes de tudo paciente e tenha a sabedoria suficiente para saber que é tarde. Por que se foi e deixou muita poeira em nosso quarto pouco bagunçado?
“– Não”
“– Sim”
“– Por que então?”
“– Olha para nós...”
“– Agora, chore e tema nosso próprio futuro separado um do outro”
“– Adeus!”
E provavelmente, antes de ter virado as costas ela tenha dito, “– Adeus”. Mas, odeio despedidas sussurradas entre choros.
O que dizer se hoje mesmo ela partiu. E partiu com tanta intensidade, com tanta força, que asseguro, jamais voltará. Contavam-me quando criança que poucas são as coisas que realmente ficam: uma menina segurando uma flor, um livro velho que se leu há muitos anos, o primeiro verdadeiro adeus que tivemos que dar, a primeira vez que desejamos ficar e não deixaram... As vezes que ficamos, a primeira grande decepção e o primeiro grande amor... Para as mulheres: sua primeira vez. Para os homens: sua primeira noite.
Por que sinceramente choro... Acreditamos muito cedo. Que todo meu amor, algo que me consome como se a próxima vez não mais fosse possível, seja antes de tudo paciente e tenha a sabedoria suficiente para saber que é tarde. Por que se foi e deixou muita poeira em nosso quarto pouco bagunçado?
“– Não”
“– Sim”
“– Por que então?”
“– Olha para nós...”
“– Agora, chore e tema nosso próprio futuro separado um do outro”
“– Adeus!”
E provavelmente, antes de ter virado as costas ela tenha dito, “– Adeus”. Mas, odeio despedidas sussurradas entre choros.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Minca
Minca
É faca finca
Em minha alma
A beleza que te salta
E atraca em minha retina.
Minca
Contamina
A minha calma
A tristeza que te falta
E que me ataca, repentina.
Minca
É fado, sina
É flora e fauna
Doce canto qual flauta
Da ave que nunca desafina.
Minca
Tão genuína
És quando falsa
Ó Rouxinol cardionauta
Ó meu Jasmim, sorte divina.
É faca finca
Em minha alma
A beleza que te salta
E atraca em minha retina.
Minca
Contamina
A minha calma
A tristeza que te falta
E que me ataca, repentina.
Minca
É fado, sina
É flora e fauna
Doce canto qual flauta
Da ave que nunca desafina.
Minca
Tão genuína
És quando falsa
Ó Rouxinol cardionauta
Ó meu Jasmim, sorte divina.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Retrato do inconsciente
Não eu não vou vacilar não vou cair o meu orgulho o meu orgulho ele clama por mim não vou olvidá-lo não vou decepcioná-lo ele é meu não podem subestimar sou o filho de ezequiel de paulinho de chico de noel de vegeta dos nielsen de luis da silva de carlos de melo de rubião de sorel a morte destes não será em vão aquelas catrevagens filhas da puta aspirantes a sofia a capitu a charlotte não vou vacilar aquele que pensa mais de vinte segundos numa mulher não é um homem é um maricão valha-me borges valha-me poe valha-me dickens valha-me schopenhauer nada será em vão vou honrá-los até a morte aquele miserável também me pagará são uns canalhas essas massas putrefactas essas massas idiotas essas massas vulgares são estúpidos são vis são miseráveis são nefastos filhos de rapariga com guarda-noturno morrerão burros o cristo ferve no meu sangue ah eu quero voltar voltar pro cristo meu pai minha mãe meus irmãos era feliz era feliz pão com leite condensado meu pai meus irmãos lembro daquela pelada no campinho meu pai e nós três contra a récua o almeidão meu estadio almeidão o botafogo volta pra mim botafogo volta pra mim pinocchio volta pra mim meninice não morrerei não quero morrer nas mãos da podridão um dia verão a minha personalidade ímpar é o meu tesouro quem não gostou vá pra puta que pariu fiz o que pude regozija-te na tua mocidade o ridículo é uma espécie de lastro da alma perdão machado fiz o que pude fiz o que pude quixote tentou papa-rabo tentou baleia tentou o moleque ricardo tentou pajeú tentou policarpo quaresma tentou não tive culpa jamais esquecerei vocês nunca jamais seus esforços não serão em vão vocês são meus ideais meus paradigmas tenho vocês volta 94 96 98 99 2000 2003 por um minuto por um segundo por um milésimo sói em sóis fumegam
CaiCai
Cal
Cai
Cal
Aiaiaiai aiai
Ai cai...ai calai
domingo, 6 de dezembro de 2009
Coisas que aprendi contigo
Ela me segue desde o nascimento. Nascemos no mesmo dia, e poucos minutos depois que eu cheguei, datam que ela veio a este mundo. Descobri isso muitos anos depois. Na verdade, o primeiro encontro foi cheio de descobertas. Descobrimos ali as afinidades em comuns. Como meu corpo encaixava perfeitamente no seu passo de dança. Descobrimos que líamos os mesmos livros. Assistíamos e choramos com os mesmos filmes. Estudávamos as mesmas coisas. Pensávamos iguais. Éramos sós. Descobrimos em fim que fomos feitos um para o outro. Mas é claro que isso não impediu que nos separássemos. Não impediu que ela seguisse caminho contrário do meu.
Que seja... Aconteceu que ela estava certa. O TEMPO se encarregou do INVERNO, que se foi pouco a pouco. O DESTINO se encarregou das lágrimas PASSAGEIRAS e me trouxe alguém que soube prezar pela seca dos meus olhos. Anos depois soube que o medo era mesmo MOMENTÂNEO e culpa de um covarde que morreu com sua distância. Das ILUSÕES sobrou bem pouco... eram verdades que você transformou mentiras.
E descobri mais uma coisa esses dias. Disseram-me o quanto você procurou em outros um sonhador igual a mim. O quanto você previu um DESTINO ao meu lado. O quanto quis meu corpo para te esquentar no INVERNO, o TEMPO de poucos minutos para guardar tua saliva em minha boca. Sei que pensou em estar perto para beijar meus olhos tristes com as lágrimas que te ofereci. Soube o quanto tua liberdade longe de mim foi PASSAGEIRA. E teus desejos longe de mim foram ILUSÕES. Sei que hoje você queria teu olhar dentro meu e meu corpo acariciando o teu, minha boca tocando teus seios como na nossa, na tua primeira vez. Foi-se o TEMPO que te esperei na cama, e hoje você sofre por isso. Que Deus nos perdoe por não percebermos antes o que nos foi dado de acaso. E deixamos na encruzilhada do caminho metade da nossa carcaça seguir para um lado e a outra metade permanecer.
Que seja... Aconteceu que ela estava certa. O TEMPO se encarregou do INVERNO, que se foi pouco a pouco. O DESTINO se encarregou das lágrimas PASSAGEIRAS e me trouxe alguém que soube prezar pela seca dos meus olhos. Anos depois soube que o medo era mesmo MOMENTÂNEO e culpa de um covarde que morreu com sua distância. Das ILUSÕES sobrou bem pouco... eram verdades que você transformou mentiras.
E descobri mais uma coisa esses dias. Disseram-me o quanto você procurou em outros um sonhador igual a mim. O quanto você previu um DESTINO ao meu lado. O quanto quis meu corpo para te esquentar no INVERNO, o TEMPO de poucos minutos para guardar tua saliva em minha boca. Sei que pensou em estar perto para beijar meus olhos tristes com as lágrimas que te ofereci. Soube o quanto tua liberdade longe de mim foi PASSAGEIRA. E teus desejos longe de mim foram ILUSÕES. Sei que hoje você queria teu olhar dentro meu e meu corpo acariciando o teu, minha boca tocando teus seios como na nossa, na tua primeira vez. Foi-se o TEMPO que te esperei na cama, e hoje você sofre por isso. Que Deus nos perdoe por não percebermos antes o que nos foi dado de acaso. E deixamos na encruzilhada do caminho metade da nossa carcaça seguir para um lado e a outra metade permanecer.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Fábula
Para meu amigo Sarg. Rodrigues
Das coisas que aprendi com ele
e no quartel
Das coisas que aprendi com ele
e no quartel
Era uma vez... E ele pequenininho ficou tão sozinho, tão medroso, tão tão... Lá, preso entre os galhos, entre suas angústias, entre seus soluços. Por que tudo que desconhecemos nos impõe fraqueza. No seu desespero olhou para baixo e atraído pela gravidade deixou que o chão se aproximasse e o aparasse. Sua mãe andorinha tinha ido buscar alimento e o abandonou, temendo o perigo e acreditando na sorte. Essas nossas malditas crenças que sempre nos traem. E acreditamos em tantas coisas.
Por causa dessa lei da física que mantêm rente ao chão esse clima frio, esse tempo frio, essas frias lembranças, esses nublados pensamentos que nosso pequeno herói sentiu seu corpo pouco a pouco tremer. Em breve morreria de hipotermia. Sugariam seu calor, todo seu calor... Sabia que depois disso sua alma secaria, e evaporaria até qualquer inferno mais próximo.
Ia passando um daqueles gigantes animais que pouco tem haver com as minúsculas coisas a sua volta. Contudo parou e olhando para os pés e bem juntinho deles viu aquela miúda criatura. O inverno era tenebroso mesmo para as enormes forças da natureza. O grande ser, vendo que não o conseguiria recolocar no seu ninho, procurou algo ao seu redor para esquentar o filho da andorinha.
O vento tinha levado as folhas das arvores, e não havia arbusto que tivesse sobrevivido a geada do norte. Seu corpo era descompassado e na tentativa de protegê-lo poderia machucá-lo. Pensou mais um pouco e sentido o estômago embrulhando teve a brilhante idéia. Defecou ali mesmo. Pegou o animalzinho e o guardou protegido do resto do mundo agasalhado pelos restos da janta: de mangas, de bananas, de mamão e de algumas saborosas guloseimas daquela floresta. Feito sua parte e orgulhoso de si mesmo, foi embora crente que mais ninguém iria importuná-lo ou procurá-lo entre o barro e o cheiro. Além do mais, ele estava abrasado como qualquer outro em um cobertor grosso. Como disse, são essas nossas crenças que sempre nos traem.
Ia passando um gato e este curioso que é de tudo aproximou-se e aproximou-se e aproximou-se. Sentido o fedor, tirou nosso herói do meio daquele lugar, o lavou, o limpou e vendo o quanto magrinho o bichinho estava o alimentou, passou dias cuidando dele. Até que, depois de tanto carinho, tanto cuidado, tato zelo (do apego que aquele sentia agora por este) “VLAPO, MIAUUUUUUUUUUUU”. A noite estava escura e era de lua. Assim morre nosso herói, nosso pequenininho herói. Causa: “a crença...” e acreditamos em tantas coisas.
MORAL DA HISTÓRIA
Nem sempre quem nos põe na merda quer nosso mal, nem sempre que nos tira da merda quer nosso bem.
Por causa dessa lei da física que mantêm rente ao chão esse clima frio, esse tempo frio, essas frias lembranças, esses nublados pensamentos que nosso pequeno herói sentiu seu corpo pouco a pouco tremer. Em breve morreria de hipotermia. Sugariam seu calor, todo seu calor... Sabia que depois disso sua alma secaria, e evaporaria até qualquer inferno mais próximo.
Ia passando um daqueles gigantes animais que pouco tem haver com as minúsculas coisas a sua volta. Contudo parou e olhando para os pés e bem juntinho deles viu aquela miúda criatura. O inverno era tenebroso mesmo para as enormes forças da natureza. O grande ser, vendo que não o conseguiria recolocar no seu ninho, procurou algo ao seu redor para esquentar o filho da andorinha.
O vento tinha levado as folhas das arvores, e não havia arbusto que tivesse sobrevivido a geada do norte. Seu corpo era descompassado e na tentativa de protegê-lo poderia machucá-lo. Pensou mais um pouco e sentido o estômago embrulhando teve a brilhante idéia. Defecou ali mesmo. Pegou o animalzinho e o guardou protegido do resto do mundo agasalhado pelos restos da janta: de mangas, de bananas, de mamão e de algumas saborosas guloseimas daquela floresta. Feito sua parte e orgulhoso de si mesmo, foi embora crente que mais ninguém iria importuná-lo ou procurá-lo entre o barro e o cheiro. Além do mais, ele estava abrasado como qualquer outro em um cobertor grosso. Como disse, são essas nossas crenças que sempre nos traem.
Ia passando um gato e este curioso que é de tudo aproximou-se e aproximou-se e aproximou-se. Sentido o fedor, tirou nosso herói do meio daquele lugar, o lavou, o limpou e vendo o quanto magrinho o bichinho estava o alimentou, passou dias cuidando dele. Até que, depois de tanto carinho, tanto cuidado, tato zelo (do apego que aquele sentia agora por este) “VLAPO, MIAUUUUUUUUUUUU”. A noite estava escura e era de lua. Assim morre nosso herói, nosso pequenininho herói. Causa: “a crença...” e acreditamos em tantas coisas.
MORAL DA HISTÓRIA
Nem sempre quem nos põe na merda quer nosso mal, nem sempre que nos tira da merda quer nosso bem.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Cântico dos Cânticos
“Belas são tuas faces entre os brincos, e teu pescoço entre colares de pérolas.” (Ct 1,10)
“Como o Lírio entre os espinhos, assim minha bem-amada entre as donzelas.” (Ct 2,2)
“Conjuro-vos, filhas de Jerusalém, pelas gazelas e as corças do campo, não desperteis nem acordeis meu amor antes que ela o queira.” (Ct 3,5)
“Como o Lírio entre os espinhos, assim minha bem-amada entre as donzelas.” (Ct 2,2)
“Conjuro-vos, filhas de Jerusalém, pelas gazelas e as corças do campo, não desperteis nem acordeis meu amor antes que ela o queira.” (Ct 3,5)
“Tu me embriagas o coração, minha irmã, minha noiva; tu me embriagas o coração com um só dos teus olhares, uma só pérola dos teus colares. Como é belo teu amor, minha irmã, minha noiva! Teu amor é mais delicioso que o vinho e o aroma de teus perfumes mais que todos os bálsamos! Teus lábios destilam mel, noiva minha; mel e leite estão sob a tua língua, e o perfume de tuas vestes é como o perfume do Líbano.” (Ct 4,9-11)
“Desvia de mim o teu olhar, porque ele me fascina. Teus cabelos, rebanho de cabras, ondulando nas encostas de Galaad” (Ct 6,5)
“São belos os teus pés nas sandálias, ó filha de príncipe! A curva dos teus quadris é como um colar, obra das mãos de artista.” (Ct 7,2)
“Como és bela, graciosa, amada, cheia de encantos! Teu porte parece com o da palmeira, de que teus seios são os cachos. Subirei à palmeira, apanhar-lhe-ei os cachos. Sejam teus seios como cachos de uva, e o odor do teu sopro como o das maçãs.” (Ct 7,7-9)
sábado, 14 de novembro de 2009
Chora danada
E ora direis ouvir estrelas
E o que faço para ouvi-las tresloucado amigo?
E eu vos responderei:
-Chupe um binguelo
E se se morre de amor?
Sim, se morre
Quer descobrir?
-Lamba um cú
E do que Teresa gosta?
-É de fazer uma rosqueada
Um meia nove; uma suruba
Beber porra na chupada
E o que faço para ouvi-las tresloucado amigo?
E eu vos responderei:
-Chupe um binguelo
E se se morre de amor?
Sim, se morre
Quer descobrir?
-Lamba um cú
E do que Teresa gosta?
-É de fazer uma rosqueada
Um meia nove; uma suruba
Beber porra na chupada
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Na ingênua esperança de em um soneto
"O que é que eu posso contra o encanto desse amor que eu nego tanto, evito tanto e que, no entanto, volta sempre a enfeitiçar? (...) Vou colecionar mais um soneto, outro retrato em branco e preto, a maltratar meu coração."
(Chico Buarque/Tom Jobim)Na ingênua esperança de em um soneto
Conseguir dizer o que de ti diante
Cala-me o peito, em atropelo, arfante,
Componho outro retrato em branco e preto.
Antes de vir o primeiro terceto
As lágrimas já vestem meu semblante
Escrevo mais uma estrofe aberrante;
Uma pieguice; e um termo obsoleto.
Persiste de tua presença a afasia,
Mas sigo e encontro a parca demasia
Dos meus ilustres versos ordinários.
E esgotarei toda minha poesia
Ofertando-te, oh flor de primazia,
Tantos sonetos quantos necessários.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Último duelo
Para um tenente gaúcho
Também não te esqueci
Sonhei com o desfecho
Da nossa labuta
Da nossa disputa
...filho da puta
Fim de guerra, nós dois derrotados e prisioneiros
O coronel inimigo, a par do rancor antigo, nos presenteia:
-Já sei que os dois não podem se ver. Vou mandar degolá-los de pé e depois vão apostar uma corrida. Só Deus sabe quem vai ganhar.
Vais honrar teus pampas?
E se ganhares
A desforra será no inferno
Quando lá nos encontrarmos.
Também não te esqueci
Sonhei com o desfecho
Da nossa labuta
Da nossa disputa
...filho da puta
Fim de guerra, nós dois derrotados e prisioneiros
O coronel inimigo, a par do rancor antigo, nos presenteia:
-Já sei que os dois não podem se ver. Vou mandar degolá-los de pé e depois vão apostar uma corrida. Só Deus sabe quem vai ganhar.
Vais honrar teus pampas?
E se ganhares
A desforra será no inferno
Quando lá nos encontrarmos.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Terrível Engano
E ao acordar percebeu que não estava mais no seu quarto. Mas preferia assim. Quem o atendeu foi uma forma fractal de uma voz extremamente singular. E com uma expressão, sabia, reconhecia da terra, de preocupação.
“- Senhor José Jó de Marcos?”.
“– Sim”.
“– Cometemos um terrível engano”.
Não entendia bem do que se tratava, nem conseguia lembrar direito o que acontecera com ele na noite anterior. Sabia que o dia que antecedera aquele episódio não tinha ido bem, mas isso era natural. Sempre fora assim com ele.
“– Bem, após uma revisão no setor de distribuição, percebemos que o senhor foi enviado à família errada, ao destino errado, a vida errada. Sei que é difícil para o senhor. E pedimos mil perdões por isso.”
Só ouvira a primeira parte daquela extensa frase, daquela extensa revelação. Sempre teve a impressão que não podia ter nascido para aquilo, que não merecia tal penitência e que tudo aquilo não era justo. Mas ter a confirmação daquilo, saber que tudo tinha sido um erro, um lapso, e não daqueles que você comete por escolhas, mas sim, por que simplesmente nasceu. Isso era perturbador. Pensou em acordar, mas deixou-se por um tempo.
“– De forma que para compensar tudo que passou até os dias de hoje lhe gratificamos com a salvação eterna”.
Que engraçado, imaginava mesmo que só teria paz após a morte, mas nunca que seria em acordo tão disforme. Mas e as cicatrizes? Foram na alma. O acompanharia mesmo ao inferno. Trinta e três anos. Noites sem adormecer. Cintos pesados na sua infância. Fome. Surras na rua. Agulhas na veia. Quantas vezes pensou em dormir mais uma hora todo dia. Quantas virgens seriam suficientes para apagar todos os estupros em seu corpo? Quantas árvores da vida para saciar sua fome? Quantos rios de leite e mel, para diminuir sua cede? É certo que atravessou um longo deserto, mas não era, não precisava ter sido sua essa jornada. E de tudo, agora tinha ficado o medo que o pastor percebera com um olhar de nada poder fazer. O medo de que sua alma não sobrevivesse aos próximos prósperos dias no céu.
“- Senhor José Jó de Marcos?”.
“– Sim”.
“– Cometemos um terrível engano”.
Não entendia bem do que se tratava, nem conseguia lembrar direito o que acontecera com ele na noite anterior. Sabia que o dia que antecedera aquele episódio não tinha ido bem, mas isso era natural. Sempre fora assim com ele.
“– Bem, após uma revisão no setor de distribuição, percebemos que o senhor foi enviado à família errada, ao destino errado, a vida errada. Sei que é difícil para o senhor. E pedimos mil perdões por isso.”
Só ouvira a primeira parte daquela extensa frase, daquela extensa revelação. Sempre teve a impressão que não podia ter nascido para aquilo, que não merecia tal penitência e que tudo aquilo não era justo. Mas ter a confirmação daquilo, saber que tudo tinha sido um erro, um lapso, e não daqueles que você comete por escolhas, mas sim, por que simplesmente nasceu. Isso era perturbador. Pensou em acordar, mas deixou-se por um tempo.
“– De forma que para compensar tudo que passou até os dias de hoje lhe gratificamos com a salvação eterna”.
Que engraçado, imaginava mesmo que só teria paz após a morte, mas nunca que seria em acordo tão disforme. Mas e as cicatrizes? Foram na alma. O acompanharia mesmo ao inferno. Trinta e três anos. Noites sem adormecer. Cintos pesados na sua infância. Fome. Surras na rua. Agulhas na veia. Quantas vezes pensou em dormir mais uma hora todo dia. Quantas virgens seriam suficientes para apagar todos os estupros em seu corpo? Quantas árvores da vida para saciar sua fome? Quantos rios de leite e mel, para diminuir sua cede? É certo que atravessou um longo deserto, mas não era, não precisava ter sido sua essa jornada. E de tudo, agora tinha ficado o medo que o pastor percebera com um olhar de nada poder fazer. O medo de que sua alma não sobrevivesse aos próximos prósperos dias no céu.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Dois Meses
(clique aqui para ouvir esta canção)
Uma é branca, nua, bela
E furta a luz do sol
A outra é meio amarela
E quer ser como um rouxinol
Como se sozinhas não bastassem
Aparecem na mesma tomada
Uma é descara
Expõe-se no célico hall
A outra é recatada
Não divide seu lençol
E num displicente fim de tarde
Se fundindo, reinventam a arte
Quem dera eu ter tela, e tinta, e dom
Pra pintar, pra guardar essa imagem
Mas só tenho minha guitarra e minha garra
Então, pinto-a em som
Te traço em melodias
Te pinto no tom que entender bem
Melhor uns meses contigo
Do que todos os vinte um anos que vivi sem
Uma é branca, nua, bela
E furta a luz do sol
A outra é meio amarela
E quer ser como um rouxinol
Como se sozinhas não bastassem
Aparecem na mesma tomada
Uma é descara
Expõe-se no célico hall
A outra é recatada
Não divide seu lençol
E num displicente fim de tarde
Se fundindo, reinventam a arte
Quem dera eu ter tela, e tinta, e dom
Pra pintar, pra guardar essa imagem
Mas só tenho minha guitarra e minha garra
Então, pinto-a em som
Te traço em melodias
Te pinto no tom que entender bem
Melhor uns meses contigo
Do que todos os vinte um anos que vivi sem
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Sabrina de trotoar e de tacape
"Tu és a minha nobre imperatriz
Da Borborema o mais formoso feito
Por quem suspiro rouco `Ò L...´"
(Penseroso)
Vai, pois ainda exalas poesia
Vai, pois ainda reinas nos lençóis
E ai de quem divisar os teus dois sóis
E ai de quem te seguir na apostasia
Naquela noite andava à míngua fria
Quando eis que escuto a dor da tua voz
Parei no lupanar: Tão bela e atroz!
Cantava graciosa em demasia
E fui da freguesia o derradeiro
Só teu, só teu somente, por inteiro
E tu somente minha em nossa arte
Teus trinta e tantos anos tão tratantes
Desenham-te mais pulcra do que antes
E nunca mais me esqueço de cantar-te
Da Borborema o mais formoso feito
Por quem suspiro rouco `Ò L...´"
(Penseroso)
Vai, pois ainda exalas poesia
Vai, pois ainda reinas nos lençóis
E ai de quem divisar os teus dois sóis
E ai de quem te seguir na apostasia
Naquela noite andava à míngua fria
Quando eis que escuto a dor da tua voz
Parei no lupanar: Tão bela e atroz!
Cantava graciosa em demasia
E fui da freguesia o derradeiro
Só teu, só teu somente, por inteiro
E tu somente minha em nossa arte
Teus trinta e tantos anos tão tratantes
Desenham-te mais pulcra do que antes
E nunca mais me esqueço de cantar-te
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Sobre você
“Parte de nossas conversas,
das coisas que acho
que sei sobre você.”
das coisas que acho
que sei sobre você.”
E seu jeitinho de falar, esse falar bem de mansinho que faz bem com carinho. E essas tuas certezas absolutas estampadas nos teus orgulhos negros e bem pequenininhos. Essas tuas afirmativas imponderadas que se tornaram verdades inquestionáveis para estas minhas perguntas insolúveis.
E você tem esses olhinhos que se fecham por causa do problema irremediável da vista. E quantas vezes te pedi para procurar um oftalmologista que você insiste em dizer “em breve”. Mas, que na verdade, como é engraçadinho quando você me procura na sua frente e se perde ante todas as minusculazinhas letras do quadro branco. E esse olharzinho que me busca bem devagarzinho, bem de vez em quando, que fica escondidinho em outro canto distante do meu olhar e só de soslaio vem encontrar o meu, acho que temendo todas as grandes conspirações que se mancomunam entre nós.
E você tem esses olhinhos que se fecham por causa do problema irremediável da vista. E quantas vezes te pedi para procurar um oftalmologista que você insiste em dizer “em breve”. Mas, que na verdade, como é engraçadinho quando você me procura na sua frente e se perde ante todas as minusculazinhas letras do quadro branco. E esse olharzinho que me busca bem devagarzinho, bem de vez em quando, que fica escondidinho em outro canto distante do meu olhar e só de soslaio vem encontrar o meu, acho que temendo todas as grandes conspirações que se mancomunam entre nós.
sábado, 24 de outubro de 2009
Da dor que impus desconheço a medida
Da dor que impus desconheço a medida
Tampouco, atino o preciso motivo
Sei, tantos te dei, porém, mais nocivo
É o castigo imposto por tua partida.
Não venho denegar a culpa tida
Réu confesso, aceito ato punitivo
Mas vejo este como um tanto abusivo
Sem subestimar tua dor sofrida.
Se criado fui a fim de ser feliz,
Como viver mais longe que ao teu lado
Se não atiçam meu faro outros ares?
Oh, Flor! Perdoa-me pelo mal que fiz
E saiba, creio: Deus fez-te meu fado!
Guardar-me-ei até o dia em que voltares.
Tampouco, atino o preciso motivo
Sei, tantos te dei, porém, mais nocivo
É o castigo imposto por tua partida.
Não venho denegar a culpa tida
Réu confesso, aceito ato punitivo
Mas vejo este como um tanto abusivo
Sem subestimar tua dor sofrida.
Se criado fui a fim de ser feliz,
Como viver mais longe que ao teu lado
Se não atiçam meu faro outros ares?
Oh, Flor! Perdoa-me pelo mal que fiz
E saiba, creio: Deus fez-te meu fado!
Guardar-me-ei até o dia em que voltares.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Declaração de amor
Não vou dizer que te amo.
Antes eu digo que só a ti entrego
-dentre todas as mulheres-
o que há de bom e mau em mim
Amar é apenas dizer
Pois quem diz apenas diz
e a palavra não ferra, ela ecoa,
para depois desmanchar-se no ar
Mais certo é te confessar que vais viver
e morrer comigo na minha história -
impregnada, colada, atada
e mais, muito mais que amada
(Arland de Souza Lopes)
Antes eu digo que só a ti entrego
-dentre todas as mulheres-
o que há de bom e mau em mim
Amar é apenas dizer
Pois quem diz apenas diz
e a palavra não ferra, ela ecoa,
para depois desmanchar-se no ar
Mais certo é te confessar que vais viver
e morrer comigo na minha história -
impregnada, colada, atada
e mais, muito mais que amada
(Arland de Souza Lopes)
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Código
Artigo 1º - Entre você, o grande amor da sua vida e seu amigo, sempre escolha seu amigo.
Pode ser que você não tenha mais salvação.
Parágrafo único: “Nem o amor, que achamos ser essencial, é uma coisa única.”
Artigo 2º - É inevitável que uma vez ou outra qualquer dia desses dilacerem meu coração, mas que nunca firam meu orgulho, por que é sobre ele que me apoio todos os dias antes de dormir.
Artigo 3º - Nunca, nem a sua família, nem aos seus melhores amigos, nem ao seu inimigo, nunca exponha suas fraquezas. A ninguém interessa suas dores.
Parágrafo único: "Prefiro a morte certa à covarde me sentir"
Artigo 4º - Calar sempre que possível ou ser tudo que não importa. Verdade que nada mais fúnebre que a lágrima de um palhaço, mas homens não choram sem máscaras.
Parágrafo único: “Se nenhuma felicidade é para sempre nenhuma dor será eterna”
Artigo 5º - Que sempre tenha fé nos outros, mas que sempre esteja preparado para o pior que eles possam me fazer.
Pode ser que você não tenha mais salvação.
Parágrafo único: “Nem o amor, que achamos ser essencial, é uma coisa única.”
Artigo 2º - É inevitável que uma vez ou outra qualquer dia desses dilacerem meu coração, mas que nunca firam meu orgulho, por que é sobre ele que me apoio todos os dias antes de dormir.
Artigo 3º - Nunca, nem a sua família, nem aos seus melhores amigos, nem ao seu inimigo, nunca exponha suas fraquezas. A ninguém interessa suas dores.
Parágrafo único: "Prefiro a morte certa à covarde me sentir"
Artigo 4º - Calar sempre que possível ou ser tudo que não importa. Verdade que nada mais fúnebre que a lágrima de um palhaço, mas homens não choram sem máscaras.
Parágrafo único: “Se nenhuma felicidade é para sempre nenhuma dor será eterna”
Artigo 5º - Que sempre tenha fé nos outros, mas que sempre esteja preparado para o pior que eles possam me fazer.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Do nome que carregas, fazes jus
A amiga Soraya(Sol) Helena
Do nome que carregas, fazes jus
Ao fado de uma; do outro à desmedida
De tal modo que nada me intimida
Uma promessa ou uns minutos luz.
De fato, muito mais isto seduz
Que me faz desistir desta investida
Sabe-se, quando a coisa é proibida
A ânsia de tê-la se reproduz.
Tua meiguice de donzela vitima
Os quais ousam defrontar teus fulgores
Que ao homônimo é possível que ofusque.
Perdoa por tal obra nada prima
Mas talvez o calor de teus amores
Minha pobre poesia rebusque.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Professorinha de religião
“Because I love you too much baby”
Uma das cenas que nunca vou esquecer... É que jamais amaldiçoarei teu sorriso.
Lembro do teu olhar e acho que era meigo. Em contrapartida, a sisudez dos gestos dele e a perfeita sincronia com que amarrava todos os argumentos de uma boa aula o faziam respeitável.
Já era a ti que bendizia toda a fé aos grandes gestos. Foi contigo que ganhei o gosto aos hipérbatos, aos infinitos, ao eterno.
Foi por ti que me arrisquei entre o caminho do paraíso e a devoção ao inferno. Por que minha virtude foi ter agarrado tua lembrança pura mesmo depois de saber tuas heresias. Condenei-me...
Que teria tardado mais alguns minutos da minha dúvida, das minhas saudades, das minhas segundas melhores inocentes intenções, se soubesse o que veria.
“- Que não temerei mal algum, que não temerei mesmo caminhando no vale das sombras da morte”. E com o terço entre suas mãos, rezava fervorosa pedindo a Deus a sua benção pelo homicídio divino do corpo. Sonhava subir ao céu, mas como se entregava a todos os demônios, como gemia entre convulsões celestiais cantando os mais belos louvores, os mais lindos cânticos. Blasfemava na terra... “-Santo, santo, santo... três vezes santo”. Gritava, rosnava, rangendo os dentes e procurando acima de si o sentido para tanto ardor. E chorava, arquejava, perante sua confiança avassaladora em algo que a consumia como o fogo do espírito santo que descia para purgar seus pecados em punhaladas certeiras no seu íntimo já quase esgotado. Pingava de suor na batalha milenar pela salvação das almas dos escolhidos. “- Ah! Por tuas lanças clamo aos anjos, aos arcanjos, imploro a todos os demônios!”
Seu corpo estava preso entre o quadro e o birô. A cortina estava suspensa. “Rasgou-se o véu de cima a baixo”. Desabou um corpo ao chão... Foi ali que a lição se fez superar os mestres. Apesar de a religião maldizer os dias de prazer, nunca mais subestimei um professor de educação sexual.
Lembro do teu olhar e acho que era meigo. Em contrapartida, a sisudez dos gestos dele e a perfeita sincronia com que amarrava todos os argumentos de uma boa aula o faziam respeitável.
Já era a ti que bendizia toda a fé aos grandes gestos. Foi contigo que ganhei o gosto aos hipérbatos, aos infinitos, ao eterno.
Foi por ti que me arrisquei entre o caminho do paraíso e a devoção ao inferno. Por que minha virtude foi ter agarrado tua lembrança pura mesmo depois de saber tuas heresias. Condenei-me...
Que teria tardado mais alguns minutos da minha dúvida, das minhas saudades, das minhas segundas melhores inocentes intenções, se soubesse o que veria.
“- Que não temerei mal algum, que não temerei mesmo caminhando no vale das sombras da morte”. E com o terço entre suas mãos, rezava fervorosa pedindo a Deus a sua benção pelo homicídio divino do corpo. Sonhava subir ao céu, mas como se entregava a todos os demônios, como gemia entre convulsões celestiais cantando os mais belos louvores, os mais lindos cânticos. Blasfemava na terra... “-Santo, santo, santo... três vezes santo”. Gritava, rosnava, rangendo os dentes e procurando acima de si o sentido para tanto ardor. E chorava, arquejava, perante sua confiança avassaladora em algo que a consumia como o fogo do espírito santo que descia para purgar seus pecados em punhaladas certeiras no seu íntimo já quase esgotado. Pingava de suor na batalha milenar pela salvação das almas dos escolhidos. “- Ah! Por tuas lanças clamo aos anjos, aos arcanjos, imploro a todos os demônios!”
Seu corpo estava preso entre o quadro e o birô. A cortina estava suspensa. “Rasgou-se o véu de cima a baixo”. Desabou um corpo ao chão... Foi ali que a lição se fez superar os mestres. Apesar de a religião maldizer os dias de prazer, nunca mais subestimei um professor de educação sexual.
10 Mandamentos para quem sofre por amor
1. Entregue-se ao descomedimento louco do sexo;
2. Deixe que um novo amor invada seu espírito;
3. Compre um CD de Paulinho da Viola e corte o cabelo;
4. Pense em sua musa e fique em quarto lugar na 8º meia-maratona de João Pessoa;
5. Não pense em Cabeça;
6. Morte aos trezeanos;
7. Faça um pouco mais de sexo;
8. Pense muito mais em sua musa;
9. Esqueça totalmente Cabeça;
10. Marque um almoço com seus amigos tão sofredores quanto você regado a Teacher’s e escreva os 10 Mandamentos para quem sofre por amor.
OBS: Entendam como quiser. Se quiséssemos escrever algo bem explicado para que todos entendessem escreveríamos um artigo científico.
Ass: Macário, Penseroso e o quarto elemento.
2. Deixe que um novo amor invada seu espírito;
3. Compre um CD de Paulinho da Viola e corte o cabelo;
4. Pense em sua musa e fique em quarto lugar na 8º meia-maratona de João Pessoa;
5. Não pense em Cabeça;
6. Morte aos trezeanos;
7. Faça um pouco mais de sexo;
8. Pense muito mais em sua musa;
9. Esqueça totalmente Cabeça;
10. Marque um almoço com seus amigos tão sofredores quanto você regado a Teacher’s e escreva os 10 Mandamentos para quem sofre por amor.
OBS: Entendam como quiser. Se quiséssemos escrever algo bem explicado para que todos entendessem escreveríamos um artigo científico.
Ass: Macário, Penseroso e o quarto elemento.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Oh, maldito! Que, desde os pés à tez,
Oh, maldito! Que, desde os pés à tez,
De colossais mistérios foi tecer
As que fazem Noel adoecer:
Explique-se! Por escárnio que as fez?
Poeta, tolo! Não vá, na avidez
De desvendá-las, em vão, se perder.
Apenas um Chico para entender,
Ou o Julinho de Adelaide, talvez.
Á insipiência do que vem a ser,
Dos homo sapiens de pobre saber,
A miserável prole está fadada.
Não pensem mal ao ouvir-me dizer:
Destes, prestar nunca vi um só ser;
Com mulher não quero mais nada! Nada!
De colossais mistérios foi tecer
As que fazem Noel adoecer:
Explique-se! Por escárnio que as fez?
Poeta, tolo! Não vá, na avidez
De desvendá-las, em vão, se perder.
Apenas um Chico para entender,
Ou o Julinho de Adelaide, talvez.
Á insipiência do que vem a ser,
Dos homo sapiens de pobre saber,
A miserável prole está fadada.
Não pensem mal ao ouvir-me dizer:
Destes, prestar nunca vi um só ser;
Com mulher não quero mais nada! Nada!
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Diário de um poemeto que acabou mais curto
"Para sempre"
Por que escrevo nesse diário todas as fórmulas de um amor impossível e guardo dentro de mim as sombras de nossas noites felizes.
O vento ainda vem a favor de uma brisa, tocar meu corpo. Temo que venha sondar minha alma.
Rabisquei minha dor em pleno outono. Por que receitei para meu destino enfermo mais uma dose da mesma doença.
- “Sobre sins e nãos? Não quero acreditar em qualquer verdade absoluta. Sei que o mundo é feito do que não é. Não do que é.”
O vento ainda vem a favor de uma brisa, tocar meu corpo. Temo que venha sondar minha alma.
Rabisquei minha dor em pleno outono. Por que receitei para meu destino enfermo mais uma dose da mesma doença.
- “Sobre sins e nãos? Não quero acreditar em qualquer verdade absoluta. Sei que o mundo é feito do que não é. Não do que é.”
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
As palavras se perdem em meus prantos
As palavras se perdem em meus prantos;
Minha verve de outrora se debanda;
A pena no papel já não mais anda;
As musas não mais me cantam seus cantos.
Oh, Flor! Enfim voaste. Teus encantos
Levaste contigo, restou-me a landa
Onde peno esta pena nada branda
Da dura ausência de teus acalantos.
Vibro com o toque da Morte. Ilusão!
Hades nega-me sua doce excursão.
Dor atroz e impiedosa que não passa
Ao menos dê-me alguma inspiração
Para que a Taverna se anime (ou não)
Por intermédio de minha desgraça.
Minha verve de outrora se debanda;
A pena no papel já não mais anda;
As musas não mais me cantam seus cantos.
Oh, Flor! Enfim voaste. Teus encantos
Levaste contigo, restou-me a landa
Onde peno esta pena nada branda
Da dura ausência de teus acalantos.
Vibro com o toque da Morte. Ilusão!
Hades nega-me sua doce excursão.
Dor atroz e impiedosa que não passa
Ao menos dê-me alguma inspiração
Para que a Taverna se anime (ou não)
Por intermédio de minha desgraça.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Tratado sobre o "adeus"
Nunca argumente um “adeus”, isso só piora a situação
Nunca diga “adeus” antes de um beijo, isso só confunde a circunstância
Nunca diga mais de um “adeus”, não se parte duas vezes
Nunca diga “adeus” se pretende ficar, pode ser tarde
Nunca diga “adeus” esperando que digam “fique”,
Pode ser que não digam
E se não disserem pode ser que você se vá
Nunca diga “adeus” antes de um beijo, isso só confunde a circunstância
Nunca diga mais de um “adeus”, não se parte duas vezes
Nunca diga “adeus” se pretende ficar, pode ser tarde
Nunca diga “adeus” esperando que digam “fique”,
Pode ser que não digam
E se não disserem pode ser que você se vá
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Necessidade
Eu precisava disso...
Não das lágrimas em si,
Não do grito,
Nem ao menos da boca aberta
Ou a expressão disforme.
Eu precisava do desabafo,
Que, infelizmente, teve de vir dessa forma.
No caminho, a calçada me parecia não ter fim
A cada passo, eu ficava mais longe de chegar em casa
Até que, de repente,
Me vi deitado no sofá
Com o rosto encharcado.
Como eu precisava disso!
Não das lágrimas em si,
Não do grito,
Nem ao menos da boca aberta
Ou a expressão disforme.
Eu precisava do desabafo,
Que, infelizmente, teve de vir dessa forma.
No caminho, a calçada me parecia não ter fim
A cada passo, eu ficava mais longe de chegar em casa
Até que, de repente,
Me vi deitado no sofá
Com o rosto encharcado.
Como eu precisava disso!
sábado, 26 de setembro de 2009
Do fim
Para você "R"
Que as palavras cessaram ali. Eis que surge o longo caminho do silêncio. Eis que nasce a enorme “via crúcis” da dor. “-Talvez” era a resposta que tinha a dar a tudo. Provavelmente devesse se chamar “incerteza”. Era a jornada que teria que perpassar... Como o vento gelado que transpassa seu corpo como quem sucumbe sua alma.
Arrependera-se dos gestos que morreram, dos sorrisos que ficaram, dos beijos que não deu.
“-As noites que não dormi...” Sentia falta da insônia e do abajur japonês que fazia arco-íris e que ficou em sua mente.
Não poderia aceitar aquele amor negro. Não iria seguir outra vez aquela curva escura, nem tão pouco acreditar nas suas mentiras. E se orgulharia, com um pouco da boa inveja, dos amigos Macário e Penseroso. Por que o primeiro, por mais que por vezes não enxergasse, amava há uma, muito e para sempre e não importava o tempo, nem a dor, nem os desencontros, nem os encontros pouco desejados. Já o segundo inocentava até o mais culpado dos réus, e amava como que idealizasse o próprio amor... Acreditava em tudo e, cômico, sonhava com o “Adeus!” e com o “Volto já!” que sinto, provavelmente, nunca chegará a ver.
E que fico parado fora de casa tentando ler tua mente na neblina, na noite perdido em frente a tua janela.
Arrependera-se dos gestos que morreram, dos sorrisos que ficaram, dos beijos que não deu.
“-As noites que não dormi...” Sentia falta da insônia e do abajur japonês que fazia arco-íris e que ficou em sua mente.
Não poderia aceitar aquele amor negro. Não iria seguir outra vez aquela curva escura, nem tão pouco acreditar nas suas mentiras. E se orgulharia, com um pouco da boa inveja, dos amigos Macário e Penseroso. Por que o primeiro, por mais que por vezes não enxergasse, amava há uma, muito e para sempre e não importava o tempo, nem a dor, nem os desencontros, nem os encontros pouco desejados. Já o segundo inocentava até o mais culpado dos réus, e amava como que idealizasse o próprio amor... Acreditava em tudo e, cômico, sonhava com o “Adeus!” e com o “Volto já!” que sinto, provavelmente, nunca chegará a ver.
E que fico parado fora de casa tentando ler tua mente na neblina, na noite perdido em frente a tua janela.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Spleen
"Vejo-vos, pensamentos, alterados;
e não quereis, de esquivos, declarar-me
que é isto que vos traz tão enleados?
Não me negueis, se andais para negar-me;
que, se contra mim estais alevantados,
eu vos ajudarei mesmo a matar-me."
(Luís Vaz de Camões)
e não quereis, de esquivos, declarar-me
que é isto que vos traz tão enleados?
Não me negueis, se andais para negar-me;
que, se contra mim estais alevantados,
eu vos ajudarei mesmo a matar-me."
(Luís Vaz de Camões)
Há alguns meses atrás, eu diria que a desejava. No entanto, nesse momento, imploro de joelhos por Ela.
Eu estaria completando dois anos de namoro, exatamente dentro de um mês. É provável que eu estivesse me descabelando atrás do presente ideal. Ou não. Mas, com certeza, estariam fazendo isso em busca do meu. Talvez me desse um carro de controle remoto que sanaria a frustração de minha infância, quem sabe algum CD do Tom ou do Chico, quiçá um artigo erótico. Porém, o mais provável é que me presenteasse com algum tipo de artefato feito por suas próprias mãos, o que me deixaria ainda mais contente que as três possibilidades anteriores juntas. E a caixa, que ela própria também construiria, possivelmente seria enfeitada com um desenho de dois animais em situação romântica que nos representariam, ou, quem sabe, com fotos nossas.
Fotos. Devíamos ter tirado mais. Poucas são as que tenho guardadas. Algumas tiradas de surpresa, na verdade, muitas tiradas de surpresa, a grande maioria. Às vezes a via parada, como quem pensasse em algo tão fascinante que a tirava da realidade - gosto de pensar que eu fazia parte desses pensamentos - nessas horas, aproveitava as facilidades da tecnologia que portamos no bolso e não perdia a oportunidade de registrar aquilo. São assim quase todas as fotografias que tenho dela: sem que eu esteja ao lado. Não posso acreditar que tiramos tão poucas fotos juntos em quase dois anos.
Dois anos. Faria dois anos que a amo. Talvez não exatamente isso, talvez mais tempo, talvez menos, não saberia dizer ao certo quando o amor apareceu, se antes ou depois que a pedi em namoro dentro do cinema. Provavelmente depois, o amor vem com o tempo, quando você começa a admirar as qualidades e achar graça dos defeitos do outro. A paixão posso dizer que já existia, ela sim é capaz de aparecer do nada, como vemos nos filmes, ou como quando assistimos a algum e reparamos aquela que está sentada na nossa frente, e então já não sabemos o que se passa na tela, estamos construindo nosso próprio filme em nossa mente, ou de fato. Em contrapartida, essa paixão que nos toma do nada, evapora-se rápido, e, depois disto, só vai aparece de vez em quando, em uns picos de adrenalina que certos momentos nos despertam. O amor fica, às vezes escondido em algum canto que não sei onde, mas fica. Sendo que costuma tanto se esconder, que nos faz esquecê-lo vez ou outra, o que gera confusões. Acredito que o que vai definir se um casal vai ou não permanecer junto, é o quanto dura a paixão, pois ela precisa sobreviver tempo suficiente para que o amor brote, quando ele tem de brotar. Enfim, eu diria que me apaixonei há mais tempo que amo, mas permaneci (e permaneço) amando muito mais tempo que apaixonado. Talvez esse tenha sido um erro: desprezar a paixão. Ela é inferior ao amor, mas nem por isso deixa de ser necessária. O que sei é que agora os dois sentimentos me voltam com uma intensidade sufocante, mas parece ser tarde.
Dirá ela que foi melhor assim. Não concordo. Mas nada posso fazer pra mudar seu pensamento. Verdade que eram muitas as diferenças, nos desentendíamos constantemente, até chegar ao ponto em que a vida tornou-se um inferno, e só o que eu queria é que Ela viesse para por um fim nisto. O que, podem perceber, não foi feito.
Muitos concordariam que não tinha mesmo jeito de darmos certo, outros poderiam jurar por deus que nascemos um para o outro. Mas isso também não sei, e nunca poderemos saber. Na realidade, nunca sabemos de nada, só o que podemos ter certeza é do que achamos. E o que acho é que teríamos filhos lindos, uma bela casa desenhada por ela - mas com muitos pitacos meus - e uma vida cheia de altos e baixos, como são as vidas dos amantes, como sempre foi nossa vida. E achar isso me dói ainda mais.
No entanto, tudo me leva a crer que nunca terei confirmação de nada disso. Pois, a cada dia, mais anseio por Ela. E, em pouco tempo, serei capaz de trazê-la mesmo à força, se não vier atrás de mim.
"Poetas! amanhã ao meu cadáver
Minha tripa cortai mais sonorosa!...
Façam dela uma corda e cantem nela
Os amores da vida esperançosa!"
(Alvares de Azevedo)
Minha tripa cortai mais sonorosa!...
Façam dela uma corda e cantem nela
Os amores da vida esperançosa!"
(Alvares de Azevedo)
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Continho de fadas ao inverso
Ele
Talvez, agora parando para pensar, devesse ter ligado. Sentira saudades das tempestades, das noites nubladas, das geadas furtivas, das almas anuviadas e dos pensamentos roubados. “-É...”. Agora, o que o cercava era o temor de olhar lá fora e se ver encharcado acenando o olhar à luz do único poste aceso... Cingido de sombras, tinha medo de deixar-se confundir com a dor que sentia.
Ela
“E foram felizes para sempre”. “-Não...”. Nem sequer foram felizes qualquer dia. Descobrira muito cedo, perdera muito dos sonhos, que sapos são sempre sapos. Que todos os castelos que se acostumara a desenhar nas revistas com fotos européias eram desde sempre vazias como ela mesma hoje se sentia.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Como Camões um dia observara
Como Camões um dia observara
Se por reles Ninfa o filho pujante
De Latona sofrera coita amara
Quem dirá eu sendo de estirpe errante?
Antes que eu não pertencesse a tal raça
Quinta, de ferro, que Hesíodo enevoa
Quiçá ousaria partir à caça
Do amor da Deusa que às deusas destoa
Contento-me a observar a graça
Tão languida e pequena, que gigante
Do Olimpo, inalcançável habitante
Bela! De deixar atônita a praça
Que alegre se torna, a ela perante:
Faz-me poeta; e refaz-me em amante.
Se por reles Ninfa o filho pujante
De Latona sofrera coita amara
Quem dirá eu sendo de estirpe errante?
Antes que eu não pertencesse a tal raça
Quinta, de ferro, que Hesíodo enevoa
Quiçá ousaria partir à caça
Do amor da Deusa que às deusas destoa
Contento-me a observar a graça
Tão languida e pequena, que gigante
Do Olimpo, inalcançável habitante
Bela! De deixar atônita a praça
Que alegre se torna, a ela perante:
Faz-me poeta; e refaz-me em amante.
sábado, 19 de setembro de 2009
Reconciliação
"Por que pensei e meu
mundo se tornou teu”
(Veloso)
mundo se tornou teu”
(Veloso)
Talvez ela tenha pensado naquela hora: “Agora serei tua.... agora me toma para ti”. Mas bastou que ela ficasse calada para que ele soubesse. Sim... Ela seria dele ainda esta noite... Completamente dele... Inteiramente dele... E teria arrancado toda sua roupa em um único movimento como era de costume nas noites que não fora feliz. Mas preferira desabotoar botão por botão do seu corpo como que contasse os anos, os dias que sonhara com aquele momento.
Foi do silêncio mesmo que nasceram os gemidos, os gritos, os pedidos sussurrados no ouvido. Foi no vão da cama que surgira a nova intimidade. Foi no infinito do quarto que descobriu com nítida impressão todas as curvas do seu corpo.
“- Me beija”. Entre soluços que ele próprio não sabia distinguir se era choro. Aprendera por ali quase todos os atalhos para os espasmos... as convulsões e as contrações dos seus abraços. “- Sim...”. Ela lhe disse arquejando. “- Não pare!”. Ela pedia implorando. E ao mesmo tempo em que rasgava suas costas e mordia seu ombro, ora o olhava, e ele sentia imenso prazer nisso, ora orava a Deus... E em seus suspiros, e em seu último suspiro, sabia, sentira que aquele orgasmo era o presente, era o perdão divino para todos os seus pecados.
Foi do silêncio mesmo que nasceram os gemidos, os gritos, os pedidos sussurrados no ouvido. Foi no vão da cama que surgira a nova intimidade. Foi no infinito do quarto que descobriu com nítida impressão todas as curvas do seu corpo.
“- Me beija”. Entre soluços que ele próprio não sabia distinguir se era choro. Aprendera por ali quase todos os atalhos para os espasmos... as convulsões e as contrações dos seus abraços. “- Sim...”. Ela lhe disse arquejando. “- Não pare!”. Ela pedia implorando. E ao mesmo tempo em que rasgava suas costas e mordia seu ombro, ora o olhava, e ele sentia imenso prazer nisso, ora orava a Deus... E em seus suspiros, e em seu último suspiro, sabia, sentira que aquele orgasmo era o presente, era o perdão divino para todos os seus pecados.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Singular
Perco a Lógica
Esqueço a tática
Erro a Prosódia
Desvendo a mágica
De ver-te
Cósmica
Áurea
Pálida
Lua rapsódica
Réplica inválida
Move-se a rua
Rara
Estrela
Estática
Vejo a tua cara
Crua
Nua
Sinopse sintética
Componho a música
Torpe
Assimétrica
Que ratifica a cláusula hermética
De ter-te
Cálida
Tórrida
Cômica
Em minha guitarra te busco sônica
Por minha ótica um tanto complexa
Crio mil sátiras
Vis
Antiéticas
Onde és minha
Vens lúbrica e lépida
Os lábios a encontrar meus lábios
Pra enfim
Sermos singular
Esqueço a tática
Erro a Prosódia
Desvendo a mágica
De ver-te
Cósmica
Áurea
Pálida
Lua rapsódica
Réplica inválida
Move-se a rua
Rara
Estrela
Estática
Vejo a tua cara
Crua
Nua
Sinopse sintética
Componho a música
Torpe
Assimétrica
Que ratifica a cláusula hermética
De ter-te
Cálida
Tórrida
Cômica
Em minha guitarra te busco sônica
Por minha ótica um tanto complexa
Crio mil sátiras
Vis
Antiéticas
Onde és minha
Vens lúbrica e lépida
Os lábios a encontrar meus lábios
Pra enfim
Sermos singular
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
O rio
“Por que te dedico todos os meus pensamentos”
Para ti “R”
“Não...” Era a resposta que tinha a dar. Mas ficou olhando passível aquela cena. “Que não era mais o amor de antes... que o esqueceu dia-a-dia... que perdera nas noites sem delírio a magia dos primeiros encontros...” Teria lhe dito, mas deixou aquelas palavras impronunciáveis serem lançadas no esquecimento. Permaneceu calada temendo o abismo que ela percebia crescer entre eles e que ele simplesmente ignorava e estava prestes a cair.
Acabara... Mas ele não tomara ciência disso. E teria lhe dito tudo quanto estava preso na fossa de sua garganta... mas foi retida pelo soluço e pelas lágrimas que inundavam sua boca.
Já a cachoeira que se cultivava, também no rosto dele, formava duas correntezas que, apesar de seguirem caminhos opostos, se encontravam no chão.
Não... Não era como antes... Não estavam mais olhando o mesmo horizonte com as mesmas aspirações dos sonhos em comuns. Agora, fitavam qualquer coisa adiante. Tocavam de solstício um o corpo do outro, como que resgatando antigas lembranças... Porém, já não lhes bastava à coragem de se ver... A verdade é que a muito não se viam.
Ficaram ali parados por muito tempo... Inertes... Em silêncio... Ele ainda encenou argumentar uma última chance, mas foi vencido pelo adeus que ela não lhe disse, mas que ele sabia.
Acabara... Mas ele não tomara ciência disso. E teria lhe dito tudo quanto estava preso na fossa de sua garganta... mas foi retida pelo soluço e pelas lágrimas que inundavam sua boca.
Já a cachoeira que se cultivava, também no rosto dele, formava duas correntezas que, apesar de seguirem caminhos opostos, se encontravam no chão.
Não... Não era como antes... Não estavam mais olhando o mesmo horizonte com as mesmas aspirações dos sonhos em comuns. Agora, fitavam qualquer coisa adiante. Tocavam de solstício um o corpo do outro, como que resgatando antigas lembranças... Porém, já não lhes bastava à coragem de se ver... A verdade é que a muito não se viam.
Ficaram ali parados por muito tempo... Inertes... Em silêncio... Ele ainda encenou argumentar uma última chance, mas foi vencido pelo adeus que ela não lhe disse, mas que ele sabia.
Não que teus olhos castanhos e francos
Não que teus olhos castanhos e francos
Por si só, deixassem a desejar
Ou dos cabelos compridos, meus brancos,
A reluzência não possa corar
Nem digo que teu sorriso sincero
Propagador de alegrias, não seja
Espelho de algum poema de Homero
Ainda que tão pouco e raro eu o veja
Porém, desejo é ouvir um só som
Única sílaba, breve quão for
Pelos lábios que desejo calar
Escapar, qual o teu do meu olhar
Para que, tua lira, eu possa compor
Para que eu possa cantar no teu tom
Por si só, deixassem a desejar
Ou dos cabelos compridos, meus brancos,
A reluzência não possa corar
Nem digo que teu sorriso sincero
Propagador de alegrias, não seja
Espelho de algum poema de Homero
Ainda que tão pouco e raro eu o veja
Porém, desejo é ouvir um só som
Única sílaba, breve quão for
Pelos lábios que desejo calar
Escapar, qual o teu do meu olhar
Para que, tua lira, eu possa compor
Para que eu possa cantar no teu tom
terça-feira, 15 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Menopausa
O dia ensolarado não dissipava em nada a neblina dos seus olhos negros. Guardava ali dentro todos os segredos das noites não dormidas.
Mas como explicar a seus amantes e amigos a perca irreparável? Acordara aquela manhã e notara que perdera, em qualquer cama no dia anterior, sua sexualidade.
Era evidente, agora em frente ao espelho, a falta da firmeza do seu corpo, a inconsistência dos seus músculos. Era certo que aquele cabelo não se parecia e nem fazia jus com o de outrora. Olhava-se nua e sua pele rosada e lisa ganhara cores e contornos que não distinguia. Até suas lembranças e seus trejeitos fundamentalmente eróticos estavam desencontrados e atrapalhados. Já não se reconhecia.
Ensaiou uma tentativa desesperada. Escarpou o corpo, levantou e deu sustância aos seios. Ancorou-os suspensos no ar. Diante da cômoda, agarrou uma rosa e a sustentou presa aos dentes (que a muito não eram os mesmos brancos marfins) e com as mãos amparou os cabelos embaralhados em uma posição quase paradoxal a que eles estavam acostumados estar. As incessantes cavalgadas e o desgaste da crina que tomavam o lugar dos cabrestos por falta de arreios davam forma fractal a tudo aquilo.
Vendo-se fracassada em seus esforços, calculou uma saída. Armou-se com todo o seu estoque de maquiagem e se pintou com uma perícia de pintora surrealista. Ornamentou-se e se vestiu para a grande surpresa. Nem o milagre da ciência e da tecnologia poderia esconder o inescondível. Por que a voz sussurrante e inaudível do destino finalmente se abatera sobre ela.
Naquele mesmo instante convidou um dos seus amantes para um último teste. Aceitava então o que a muito custo lutara para não ver. Não era mais capaz de sentir prazer e estava muito aquém do prazer que já foi capaz de dar. De resto, ainda guardava das lembranças seus olhos negros e com eles todos os segredos dos quais não poderia nunca mais provar.
Mas como explicar a seus amantes e amigos a perca irreparável? Acordara aquela manhã e notara que perdera, em qualquer cama no dia anterior, sua sexualidade.
Era evidente, agora em frente ao espelho, a falta da firmeza do seu corpo, a inconsistência dos seus músculos. Era certo que aquele cabelo não se parecia e nem fazia jus com o de outrora. Olhava-se nua e sua pele rosada e lisa ganhara cores e contornos que não distinguia. Até suas lembranças e seus trejeitos fundamentalmente eróticos estavam desencontrados e atrapalhados. Já não se reconhecia.
Ensaiou uma tentativa desesperada. Escarpou o corpo, levantou e deu sustância aos seios. Ancorou-os suspensos no ar. Diante da cômoda, agarrou uma rosa e a sustentou presa aos dentes (que a muito não eram os mesmos brancos marfins) e com as mãos amparou os cabelos embaralhados em uma posição quase paradoxal a que eles estavam acostumados estar. As incessantes cavalgadas e o desgaste da crina que tomavam o lugar dos cabrestos por falta de arreios davam forma fractal a tudo aquilo.
Vendo-se fracassada em seus esforços, calculou uma saída. Armou-se com todo o seu estoque de maquiagem e se pintou com uma perícia de pintora surrealista. Ornamentou-se e se vestiu para a grande surpresa. Nem o milagre da ciência e da tecnologia poderia esconder o inescondível. Por que a voz sussurrante e inaudível do destino finalmente se abatera sobre ela.
Naquele mesmo instante convidou um dos seus amantes para um último teste. Aceitava então o que a muito custo lutara para não ver. Não era mais capaz de sentir prazer e estava muito aquém do prazer que já foi capaz de dar. De resto, ainda guardava das lembranças seus olhos negros e com eles todos os segredos dos quais não poderia nunca mais provar.
domingo, 13 de setembro de 2009
Se a vida não fosse um tanto sacana
Se a vida não fosse um tanto sacana
Quem sabe a mim não aparecerias
Impondo a coita dos últimos dias
Poupando-me o vinho e o copo de cana
Marcus James não só, mas Dom Afonso
Teria folga de minha companhia
Mas invoco, no cume da agonia
Suas baforadas pelas quais me esconso
Assim, enquanto a dor não alivia
Dou-me aos demônios e sua serventia
O que me resta é aproveitar o luto
Prossigo então, do poço, no fundo
E amaldiçoando a Deus (a ti) e ao mundo
Eu bebo, blasfemo e fumo charuto
Quem sabe a mim não aparecerias
Impondo a coita dos últimos dias
Poupando-me o vinho e o copo de cana
Marcus James não só, mas Dom Afonso
Teria folga de minha companhia
Mas invoco, no cume da agonia
Suas baforadas pelas quais me esconso
Assim, enquanto a dor não alivia
Dou-me aos demônios e sua serventia
O que me resta é aproveitar o luto
Prossigo então, do poço, no fundo
E amaldiçoando a Deus (a ti) e ao mundo
Eu bebo, blasfemo e fumo charuto
sábado, 12 de setembro de 2009
"R"
Se o vento entre as folhas da copa não tivessem escorrido o som e a correnteza levado metade de minha voz, teria lhe dito, naquela acaso, que ficasse... mas não lhe disse.
Se a noite não tivesse tapado todo meu rosto e a chuva não tivesse escondido meus prantos... Se... Terminei olhando o meio-fio e debulhando minha alma...
Não é que o anoitecer tivesse descido bem ao meio dia, mas confesso que meu espírito estava sombrio...
E se tivesse parado e guardado um pouco de nossas lembranças, se tivesse escondido o tempo, se tivesse congelado o momento, se tivéssemos abandonado o medo, se tivéssemos enfrentado o mundo...
Teria lhe dito, tempos depois, que o sol apareceu, mas que meu corpo continuava escuro e meus pés ainda sentiam inerte o frio da chuva do choro dos meus olhos. E que a geada dos dias anteriores não tinha passado. Que ela ainda estava distante dos meus braços.
E teria sofrido; e teria pensado; e teria constituído; mas isso nunca significou que continuei. Por que depois do “sim” foi o “não” que acalentou, que pós no sono, que deu carinho. Teria lhe sussurrado anos depois; décadas depois, entre nossos soluços de adeus: “não sei viver sem ti”. Por que envelheci ligeiro e por que amei muito e pouco.
Mas no por do sol seguinte foi nela que pensei olhando para o teto, foi dela que preservei cada afago, cada estrela no céu do nosso primeiro beijo. E eram poucas. A noite fez questão de está presente; as estrelas, de espiar a fábula e o céu de derramar lágrimas.
Uma vida depois e não ter sonhado com mais nada. Foi você quem esperei a vida toda.
Que se respeite um minuto de silêncio... ainda não aprendi a viver sem teus abraços, sem teu sorriso, sem teu perfume, sem tua voz, sem toda dádiva, sem o sossego e a inquietação que habitam teu corpo.
Se a noite não tivesse tapado todo meu rosto e a chuva não tivesse escondido meus prantos... Se... Terminei olhando o meio-fio e debulhando minha alma...
Não é que o anoitecer tivesse descido bem ao meio dia, mas confesso que meu espírito estava sombrio...
E se tivesse parado e guardado um pouco de nossas lembranças, se tivesse escondido o tempo, se tivesse congelado o momento, se tivéssemos abandonado o medo, se tivéssemos enfrentado o mundo...
Teria lhe dito, tempos depois, que o sol apareceu, mas que meu corpo continuava escuro e meus pés ainda sentiam inerte o frio da chuva do choro dos meus olhos. E que a geada dos dias anteriores não tinha passado. Que ela ainda estava distante dos meus braços.
E teria sofrido; e teria pensado; e teria constituído; mas isso nunca significou que continuei. Por que depois do “sim” foi o “não” que acalentou, que pós no sono, que deu carinho. Teria lhe sussurrado anos depois; décadas depois, entre nossos soluços de adeus: “não sei viver sem ti”. Por que envelheci ligeiro e por que amei muito e pouco.
Mas no por do sol seguinte foi nela que pensei olhando para o teto, foi dela que preservei cada afago, cada estrela no céu do nosso primeiro beijo. E eram poucas. A noite fez questão de está presente; as estrelas, de espiar a fábula e o céu de derramar lágrimas.
Uma vida depois e não ter sonhado com mais nada. Foi você quem esperei a vida toda.
Que se respeite um minuto de silêncio... ainda não aprendi a viver sem teus abraços, sem teu sorriso, sem teu perfume, sem tua voz, sem toda dádiva, sem o sossego e a inquietação que habitam teu corpo.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Para apreciar a fina poesia
Para apreciar a fina poesia
Não há uma hora ou um lugar contrário
Seja no quarto, ou sala, ou sanitário
Seja de noite, de tarde ou de dia
Como agora, eu cá, só porque no trono
Privar-me-ia de um belo soneto?
Negativo! Aos lusitanos me meto
Até pegar aqui mesmo no sono
Mas se encontro um Camões ou um Bocage
Sinto às vezes cometer um ultraje
Pois tal teoria tem seus revezes
Quando leio palavra tão profunda
Eu pauso, fecho o livro e limpo a bunda
Não é de bom gosto ler fazendo fezes
Não há uma hora ou um lugar contrário
Seja no quarto, ou sala, ou sanitário
Seja de noite, de tarde ou de dia
Como agora, eu cá, só porque no trono
Privar-me-ia de um belo soneto?
Negativo! Aos lusitanos me meto
Até pegar aqui mesmo no sono
Mas se encontro um Camões ou um Bocage
Sinto às vezes cometer um ultraje
Pois tal teoria tem seus revezes
Quando leio palavra tão profunda
Eu pauso, fecho o livro e limpo a bunda
Não é de bom gosto ler fazendo fezes
Coisa certa
Não foi por falta de adeuses que deixei de guardar sombras Não foi por falta de silêncio que deixei de criar medos Não foi por falta de vãos que deixei de inventar saudades Não foi por falta de escarros que deixei de instituir asco
Por que não há nada pior do que reconhecer que se é fraco
Por que não há nada pior do que reconhecer que se é fraco
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
O tártaro em que estou, não me rodeia
O tártaro em que estou, não me rodeia
De dentro para fora é que ele atua
Rubras labaredas minha alma sua
Tenho lava em meio ao sangue na veia
Intermitente sofrimento ateia
Se ora ele me ataca, ora ele recua
Se ora esfomeia, ora me desjejua
Se ora me alivia, me arde hora e meia
Tempos não voltam, apegue-se amante,
Consciente do certo prejuízo,
Às lembranças felizes do passado
Pois o inferno que nos descreve Dante
Julgado pode ser um paraíso
É ameno, ao de Garrett comparado
De dentro para fora é que ele atua
Rubras labaredas minha alma sua
Tenho lava em meio ao sangue na veia
Intermitente sofrimento ateia
Se ora ele me ataca, ora ele recua
Se ora esfomeia, ora me desjejua
Se ora me alivia, me arde hora e meia
Tempos não voltam, apegue-se amante,
Consciente do certo prejuízo,
Às lembranças felizes do passado
Pois o inferno que nos descreve Dante
Julgado pode ser um paraíso
É ameno, ao de Garrett comparado
Continho etério
E fiquei olhando, como no alto alguém tão longe, e em baixo alguém tão fundo. Não é que tivesse medo, mas sinceramente fiquei absorto em uma resposta sem resposta. Se na noite seguinte tivesse parado, e pesando direito, teria enumerado todos os defeitos dela. E teria corrigido os meus. Mas nem isso aconteceu. E com o passar dos dias aquela sombra que se desfiava perto da cômoda da minha cama, se prostrava de forma a me acalentar e dizer tudo que precisava ouvir sobre coisas do fim.
E nos dias seguintes, como aqueles pareciam sempre tão iguais uns aos outros, resolvia me dar uma segunda chance. Quase que em momentos alternados pensava em tal possibilidade. Uma segunda chance para mim, não para ela, nem para nós.
É mesmo o tempo que dar forma a tudo que é factível. Dos adornos não me preocupei. Mais uma verdade que você leitor pode escrever no seu caderninho de anotações. Tudo que é verdade volta. Vinte e um anos e achar que passou.
Já era verão. E de tantos verões a descoberta naquele verão de uma nova lua fez com que levantasse logo cedo com vontade de caminhar. Cedo que falo... Talvez psicologicamente, talvez menos que madrugada. Mas me levantei. E achar aquela rua vazia me fez sentir também vazio. E de aceso, além do calor abafado que fazia, tinha os postes com suas luzes amareladas. Sempre tive a impressão que aquele amarelado era por culpa do tempo e de algum descuidado funcionário público que por décadas esqueceu seu trabalho. Tenho certeza que caminhei por horas, apesar de meu relógio está parado, o mesmo que ganhei de presente no meu vigésimo primeiro aniversário, e só ainda o uso por causa do peso que ele trás das lembranças. Sei que vi o sol raiar não me lembro quantas vezes naquela madrugada, mas da quarta para a quinta vez notei uma diferença, se não estivesse atento a mim mesmo talvez aquela aurora boreal tivesse passado despercebida, mas não passou.
Foi quando voltei pra casa, isso alguns anos depois. Já tinha me curado do acidente e apesar de não poder ter muito contato com nada incisivo, me sentia muito bem. O problema é que naquele inverso o frio estava muito cortante e rasgava minhas vestes e meu corpo frágil, as cicatrizes se abriram quase todas por completo e passava o dia enxugando o sangue que escorria e sujava a casa toda. A família não se importava muito, até por que limpava com certa velocidade para que não incomodasse quem quer que fosse. O piso ficava meio grudento, mas a aparência boa. Tinha pouco tempo, mas estava bem.
Passei muito tempo sentado na cama essa manhã, já tinha passado muito tempo deitado, mas isso todo mundo faz. Contudo, ter ficado àquelas horas parado com o rosto ainda meio sujo e meio inchado foi necessário. Pensei muito nos ano anteriores. Ter passado por eles não foi se quer divertido. Cansei de ler tratados sobre as contradições humanas e nunca entender nada, desconfio que não fosse mesmo para entender. Sem contar nos tratados sobre a mulher. Essa deveria ser um aprofundamento sobre os primeiros tratados que deveria ter entendido.
E mesmo não tendo muitos amigos, isso até por egoísmo mesmo, afinal é melhor evitar, mesmo assim os olhares que me lançavam deixavam claro, eles ainda lembravam. Mesmo depois daquele tempo todo, eles ainda lembravam. E o pior é que eu também sabia. Às vezes me pego pensando. É quando mudo de assunto e tento fazer algo. Mas sei que poderia... É, poderia.
Se parecia justo ou não, sinceramente acho que não. Dom Quixote, Romeu, Otelo. Todos tiveram um final feliz! Foi até bom lembrar, era agosto quando meu amigo Neto resolveu casar. Belo casamento, ficava me perguntando como podia ser aquilo. Foi um casamento longo, mas o noivo se mantinha em pé, como se dissesse “Mas não desisto!”. E não desistiu, pelo menos não ele. Mas não quero falar mais disso. Foram felizes e isso bastou para me dar ânimo.
No inverno daquele mesmo ano pensei em fugir, mas como já tinha feito isso. Pensei que talvez ficasse um pouco ridículo. E não fiz. Deveria ter feito. Ninguém passa a vida se lamentando.
Mas teve uma coisa boa nisso tudo. No domingo de São João a conheci. Fazia turismo. Conversamos um bocado e resolvi tirar aquelas idéias e todas as noites mal dormidas da cabeça. - "Não é que nossa dor seja igual, apenas se completa em poesia quase doente, branca ou sem cor definida e pálida. Como os bayronianos e seus crânios de ossos velhos. Como Dom Quixote. Lembra que falamos dele? Por amor as causas perdidas. Contra dragões que nós mesmos criamos. Como Ducinea enamorada e fictícia. Um "pra sempre" que só esteve na nossa cabeça, não há em qualquer outro lugar sinal de sua existência. Somos como Dom Quixote com seu fiel escudeiro Sancho Pança... errantes... mas a caminho, mesmo que de um sonho perdido e de sem saber por onde, para onde e por que continuar." Teria lhe dito muitos anos depois.
É a mais pura verdade que meus sentimentos são parte de mim, mas os lanço, quando posso, nas palavras mais distantes e me agarro nos meus amigos para não ir com elas... Deveria ser assim, mas lembra que te disse que não tenho muitos amigos, até por causa do olhar deles, odeio o olhar deles. O olhar deles me julga e me condena. Só que eles sabiam, ela não. E viramos amigos.
Conversamos muito aquela noite, ela não queria me ver e queria demais saber de mim. Estava confusa e chorava muito. E nem nossas mãos entrelaçadas a faziam vir à tona. Mas não veio, e pensei em desistir mais uma vez. Só que quando pensava, ela me fazia continuar. Com gestos de ciúmes e com uma autoridade que quase parecia ainda ser dela. Era dela. Não queria que desistisse. Continuo sem entender aqueles longos tratados. E ela sempre me perguntava sobre destino. Dizia a ela que não acreditava nessas coisas. Ela dizia que não era possível, por que ninguém sabe o dia de amanhã. E eu respondia que se acreditasse em destino teria que supor que os meus amanhãs poderiam não ser com ela, não poderia crer nisso. Ela sempre sorria, e ficávamos ali por dias completos lembrando as noites na praia e das vezes que ela dormiu ao meu lado. E lembrávamos os dias que a fiz feliz e até dos dias que não fiz. Mas não eram mais tão ruins do que esses dias que passei longe.
É que Deus foi justo... Dizem que ele escreve certo por linhas tortas. Bem que ele deu uma entortada boa nas nossas vidas. A verdade é sempre um pouco complicada. Mas não querê-la reconhecer atrapalha muitas vidas. Foi o que aconteceu naquela noite, não nela, mas nas que se seguiram. Ter a abraçado e dançado com ela, conversamos sobre tantas coisas. Não deixei que meus lábios tocassem o dela, mas como me arrependo. Sobre aquela, hoje sentia vontade de vomitar, dava náuseas. Mas sobre essa? Como disse: a mentira termina por atrapalhar muitas vidas. Atrapalhou mais da metade das que tinha. Se havia saída? Ainda não tenho a resposta, na verdade nem tenho qualquer resposta.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Da languidez, este teu privilégio,
Da languidez, este teu privilégio,
Foste banhada de sobra, sem pena.
Que eu, em tocá-la, receio, oh pequena;
Em violá-la, vejo um sacrilégio.
Esta altivez de deusa que carregas
Deixa-me o resto juízo absorto.
Ressuscito antes mesmo a cair morto
De amores e desejos que me regas.
Que do pensamento impuro me prives;
Do pecado de olhar a vista segue;
Ou cumpra em mim a pena capital.
Mas, da nobre morada em que tu vives,
Vê o dilema em que minha alma prossegue:
Quere-te bem, porém, ver nisto um mal.
Apresentação
"É difícil marcar o lugar onde pára o homem e começa o animal, onde cessa a alma e começa o instinto - onde a paixão se torna ferocidade. É difícil marcar onde deve parar o galope do sangue nas artérias, e a violência da dor no crânio."
Somos feitos de contradições, somos a personificação do paradoxo. Nunca seremos apenas nós mesmos. Cada um tem, dentro de si, Aries e Calibans que vivem em uma constante harmonia conflituosa. Aqui estamos para explorar estas diversas faces da fascinante condição humana. Não com o intuito de encontrar respostas, mas ambicionados a fomentar novas perguntas e perpetuar nossa ignorância.
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